Na cidade A havia umas termas de relativa fama, consideradas uma herança quase divina de um monarca. As termas fecharam.
O tempo foi passando. A degradação das instalações suscitou algumas agitações partidárias e de grupos de cidadãos. É de supor que na região até houvesse alguma consciência de que os cidadãos poderiam beneficiar das termas, tanto directamente como através do dinheiro que seria deixado por quem viesse de fora frequentar as termas.
Nas eleições para a câmara municipal, os políticos referem-se ao assunto, dão-lhe importância, exigem e prometem tudo e um par de botas. Incluindo o homem a quem a população decide entregar a câmara.
Durante algum tempo há ainda uns assomos de protesto porque as termas se mantêm fechadas. Entretanto, na região ao lado, começa a germinar o projecto de abertura de umas termas, em condições capazes de atrair mais gente do que as termas da cidade A.
Instado pelo governo nacional a tomar uma decisão, o presidente da câmara da cidade A entrega ao director de um jornal que o tem apoiado um estudo sobre as termas para um horizonte de... vinte anos.
O ultimato governamental não fica suspenso mas o que interessa é o que acontecerá daqui a vinte anos. (Ou seja: quando apontamos a Lua a um idiota, o idiota olha para o dedo...) Os movimentos de cidadãos largaram o tema, os políticos desinteressaram-se em definitivo.
O exemplo (um de entre muitos) é o de Caldas da Rainha, em cuja cidade funcionou um hospital termal.
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