Fernando Costa, o presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha que gostaria de ter um cargo nacional no PSD de Pedro Passos Coelho, é um político hábil mas que, como todos, se distrai. E no caso do preço da água distraiu-se e confessou uma coisa que, estranhamente, não incomoda ninguém... nem as autoridades encarregues de zelar por estas coisas.
A sua câmara e os seus Serviços Municipalizados têm um lucro na revenda da água que chega aos 900 por cento.
E isto se fizermos as contas unicamente ao preço da água que os consumidores pagam. Se lhes juntarmos as outras despesas todas da factura da água... dará muito mais.
Ao consumidor, a água que custa "cerca de 35 cêntimos" é cobrada por preços que vão dos 0,53€ aos 3€ por metro cúbico. Ou seja, a Câmara das Caldas pode conseguir, à cabeça, obter um lucro de 900 por cento na tal água que há quem diga que é um bem público.
E convém ter presente que quase metade da factura mensal dos Serviços Municipalizados de Caldas da Rainha é composta por "custos" diversos (esgotos, saneamento e o muito que se lhes aprouver) imputados directamente aos consumidores.
Na minha mais recente factura da água, por exemplo, tenho de pagar 27,85€ de água consumida (incluindo 3 euros de uma tarifa fixa) e depois 23,01€ das outras taxas de esgoto e afins e um modestíssimo IVA de 1,67€.
O esbulho dos consumidores nas Caldas da Rainha - onde só poupa na água quem não se lavar, puxar o autoclismo, cozinhar ou lavar a louça - foi aprovado sem problemas ideológicos pelo PSD, pelo CDS, pelo PS, pelo PCP e pelo BE. Pela mesma "esquerda" que separa bem as palavras dos actos e que aqui, na "província", onde não se nota (ou, então, são ricos), alinha com todos os outros nos maus tratos à população.