O atraso, ou adiamento, no pagamento dos reembolsos do IRS é um exemplo do conúbio perfeito entre a fome e a vontade de comer.
Da parte do Governo pode haver motivos contabilísticos para deliberadamente o fazer mas a desatenção pelos cidadãos com que parece ter encarado o problema tem uma leitura política inevitável: quanto mais não seja, os contribuintes são neste domínio tão credores do Estado (como a troika, por exemplo) porque o que aqui está em causa é o empréstimo forçado a que estão obrigados todos os anos e que vale muitos milhões de euros.
Por outro lado - e vale a pena atender ao comunicado do Ministério das Finanças para reparar na pouca subtileza com que atribui as responsabilidades aos serviços -, sabemos todos como os contribuintes sempre foram tratados pelo Fisco como cidadãos com todos os deveres e sem nenhuns direitos, recebidos muitas vezes com uma soberba e uma arrogância que praticamente só desaparece quando a vítima se defende com um advogado ou com uma sólida fundamentação jurídica que exige, obviamente, a consulta e o estudo dos códigos tributários.
Este episódio do deslize temporal, deliberado ou apenas fruto de vários acasos, dos reembolsos do IRS era dispensável.
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