Na passada sexta-feira, o semanário "Sol" publicou uma denúncia feita por um sindicato dos CTT (SNTCT) de que esta empresa está provocar deliberadamente atrasos na distribuição da correspondência, pondo os carteiros a distribuir em dias alternados na mesma região o correio prioritário e não prioritário e utilizando desse modo menos pessoal. (A notícia está aqui.)
Isto significa que ninguém - destinatário ou remetente - tem a garantia da empresa CTT, cujos serviços contrata, de que a sua correspondência é recebida no prazo que, em teoria, escolheu.
E como a grande maioria da correspondência em circulação é expedida sem data de balcão e por avença... é praticamente incontrolável ter a certeza se ela está a circular com atraso ou não.
Segundo o SNTCT, a intenção dos CTT é ter menos pessoas a trabalhar na distribuição. Objectivamente, isto faz com que muita gente, percebendo os atrasos (quando não os extravios...), prefira optar pelo correio azul ou pelo correio registado, modalidades que são sempre mais caras. E, com isso, as receitas dos CTT aumentam.
Eu próprio já tinha notado que a distribuição de correspondência, pelo menos onde resido, não parece ser feita todos os dias. Esta será, pelo menos, uma explicação.
Tanto quanto julgo perceber, os CTT não se pronunciaram sobre a denúncia sindical e a notícia do "Sol". Mas, se é mentira, deviam tê-lo feito. É inevitável pensar que ela é verdadeira.
E isto é grave. Porque a única empresa de distribuição postal que existe, e a que estamos todos obrigados, se está positivamente nas tintas para os seus clientes... talvez por eles náo terem alternativa. E não avisam, fazem isto pela calada e da forma mais traiçoeira que imaginar se possa, chegando ao ponto de prejudicar - como se narra na notícia do "Sol" - os reformados, os pensionistas e outros dependentes das subvenções do Estado.
Infelizmente, os muitos "indignados" que por aí proliferam (que fazem parte de uma elite que em geral dispensa o uso do correio de superfície) e que se arrepelam com a privatizaçáo dos CTT, não vêem nisto qualquer motivo de indignação e acham muito bem que uma empresa monopolista faça gato-sapato de todos nós.