Ao dar guarida a isto, o "Expresso" renegou, de certo modo, o seu passado de jornal que, nos últimos anos do Estado Novo, foi capaz de se opor à censura do regime.
O modo como acolhe e amplifica um "relatório" de um organismo quase desconhecido é um exemplo acabado de manipulação de informação e ele, sim, uma amostra clara da desinformação que o tal organismo e o "Expresso" parecem querer combater. Dúvidas sobre a narrativa das "alterações climáticas"? A "benevolência" da Rússia? O belicismo dos chefes políticos da União Europeia? Não pode ser e tudo é "desinformação"!
Note-se o absurdo que é dizer que a informação de que a Rússia se oferecera "alegadamente" (e o "alegadamente" significa, aqui, o quê?!) se destinava a apresentar o país como "potência benevolente" quando o pedido ou a cedência não poderiam ser feitos porque violariam as sacrossantas sanções. O que, já agora, sublinha bem o carácter estúpido das sanções: qualquer país da União Europeia pode arder à vontade, o que não pode é receber apoio russo para combater os incêndios!
Quanto às proclamações militaristas e às acções belicistas dos dirigentes da União Europeia, que se veem e ouvem todos os dias, não se pode, pelos vistos, falar delas porque dizer que elas existem também é "desinformação". E se a União Europeia tem tido uma actuação absolutamente ridícula no contexto do concerto das nações e está a perder a sua relevância mundial, dizê-lo é espalhar "desinformação".
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| Imagens de fonte aberta de acesso público. |
Percebe-se mal, nisto, o destaque dado à história dos "oficiais militares britânicos capturados". Vi a referência, acho que no YouTube, e tive algumas dúvidas. E não me parece que essa informação, de que não encontrei sinais de confirmação, tivesse aparecido na imprensa independente. Citar este caso como exemplo de "desinformação" é tipo chover no molhado. Não conseguiram arranjar melhor, realmente?
Se a PIDE e a Comissão de Censura se tivessem lembrado desta miserável argumentação, o Estado Novo teria durado cem anos. Com o "Expresso", mais cedo do que tarde, a substituir o "Diário de Notícias" como arauto do regime.
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Não conheço o documento citado na íntegra, nem tento conhecê-lo, nem quem o defecou. Mas não me admiraria que ele atribuísse a "desinformação" à "extrema-direita", aos "negacionistas" e aos "anti-vacinas", qualificações que servem para designar, e denegrir, quem não pensa como os órgãos da imprensa oficial e os governos que já não gostam da liberdade de expressão.
Por mim, para quem não segue este blogue, não me considero de "extrema-direita", devo dizer que não me considero "negacionista" (designação cujo alcance nunca percebi) e, muito menos, "anti-vacinas", defendendo a importância das vacinas cientificamente produzidas e comprovadas e não as instantâneas, tipo "fast food", como são as da covid-19.
E defendo o direito a pensar e a reflectir (e a agir, se necessário) fora das restrições governamentais e da imprensa oficial.
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