quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Se Vítor Marques se guiasse pelo interesse público e tivesse a necessária sensibilidade política...


A companhia municipal de teatro de Caldas da Rainha


... não tentaria ocultar e fazer esquecer a sua campanha ilusória da "luta" e do "luto" pela decisão do governo demitido de construir no vizinho concelho do Bombarral o que será o futuro hospital do Oeste.

A decisão foi anunciada em Junho do ano passado e, nessa altura, Vítor Marques, o empresário que se fez presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha com o ardiloso "slogan" "Vamos Mudar", anunciou que o seu município estava em "luta" e em "luto". Berrou, pôs os seus fiéis crentes a berrar e arrastou uma multidão a uma manifestação em Lisboa... de onde regressou cabisbaixo e derrotado.

Há oito meses, portanto, eram o "luto" e a "luta". Hoje, depois de muitas palhaçadas, espectáculos e animações de época, o "luto" e a "luta" desapareceram.

Deverá supor-se que o projecto do hospital para o Bombarral se mantém de pé, demitido que foi o governo e com eleições legislativas daqui a duas semanas. Ninguém sabe, é claro. Mas há uma coisa que parece ser certa: terá de haver um hospital novo no Oeste e, sendo mais barato de construir do que um aeroporto, acabará por ter de ser construído. No Bombarral, talvez, ou noutro sítio qualquer.

E, por isso, o presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha já deveria estar, nesta altura, a fazer o seguinte (ou já o teria feito):

1 - Uma reunião com todos os restantes presidentes de câmara da região Oeste para tentar criar uma plataforma de onde pudesse sair uma proposta consensual para a localização do novo hospital. Se tal não fosse possível (o Bombarral talvez dissesse que não), deveria tentar reunir o maior número possível de municípios que pudessem apresentar duas coisas:

1.1. uma proposta de alternativa ao Bombarral; 

1.2. uma proposta de contrapartidas, na área da saúde, para assegurar num ou em mais concelhos uma ou mais estruturas de prestação de cuidados de saúde complementares aos serviços a fornecer pelo novo hospital, no caso de ser confirmada a opção pelo Bombarral.

2 - Uma ronda de contactos (de preferência na companhia dos outros presidentes das câmaras municipais da região) com todos os partidos concorrentes às eleições de 10 de Março pelo distrito de Leiria, não só para os sensibilizar para uma alternativa ao Bombarral, que aproximasse mais o novo hospital de Caldas da Rainha, como para saber o que pensam sobre o assunto... e sobre as necessidades de desenvolvimento do Oeste.

Com isto, o município de Caldas da Rainha quebraria o isolamento para onde o próprio Vítor Marques o empurrou e asseguraria a dinâmica da condução do processo.

Mas, lá está, este presidente camarário não se guia pelo interesse público, não tem sensibilidade políticas e só se guia, como todos os maus governantes, pelo marketing político.  




Coisas (muito) boas

 

Chanfana no restaurante Vale Velho (Caldas da Rainha).





quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Ler jornais já não é saber mais (207): parcialidade e censura

 

Regressemos ao número de militares ucranianos mortos (a que já aqui me referi): o presidente ucraniano anunciou que, desde o início do conflito, morreram 31 mil combatentes.

Não parece lógico, mas a interpretação que se faz é que, ao reduzir o número de baixas por morte, Zelensky quer, na sua eterna pedinchice e contra todas as evidências, garantir que há combatentes para todas as armas que ele quer que lhe sejam entregues.





O número dos 31 mil foi amplamente citado pela imprensa, que não se interrogou (ou não teve autorização para o fazer...) sobre a sua veracidade. 

Mesmo quando, por exemplo, no caso do "Expresso" (que cita várias fontes europeias), há outro número que é avançado. Está aqui: 70 mil. Mais do dobro.





O macabro anúncio do presidente ucraniano foi feito no dia 26. 

No dia 27 o ministro da Defesa da Rússia avançou outro número: já são 444 mil os militares ucranianos mortos.




É possível que o número dado pelo ministro Shoigu (a notícia pode ser lida aqui) seja exagerado. Mas uma coisa é certa: nenhum dos jornais que noticiaram os 31 mil de Zelensky deu a notícia dos 444 mil de Shoigu.

Ou seja: só um dos lados do conflito é que é contemplado nas notícias e o que diz o outro lado é descaradamente censurado.

Para saber mais é melhor não ler jornais...




terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

O querido "Pedro Nuno"

É impressionante como grande parte da imprensa trata com tanta intimidade o actual secretário-geral do PS, e herdeiro de Sócrates e de Costa, por "Pedro Nuno". 

Pode argumentar-se que é mais fácil para os títulos e que escrever "Pedro Nuno Santos" ocuparia muito espaço, ou muitas linhas, ou o que fosse. Mas o tratamento pelo nome próprio não é habitual, embora também o façam com o Presidente da República, com quem, aliás, parecem cultivar uma outra espécie de intimidade.

Nesta fase de disputa eleitoral, não deixa de contrastar com o modo como tratam os outros candidatos. Luís Montenegro nunca é "Luís", André Ventura nunca é "André", Rui Rocha nunca é "Rui" e até a antiga "querida" Mariana Mortágua é, com distanciamento, tratada por "Mortágua". 

É uma opção esclarecedora que ilustra bem o favoritismo de uma imprensa vendida, deliciadamente, ao poder socialista ainda vigente. Talvez tenham um grande desgosto em 10 de Março...





Poesia





É o marketing: é o luto;
é o marketing: é a luta.

É só a campanha de ilusões
de um grande filho da
😲😲😲😲.





segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

O "Observador" em auto-retrato


Filomena Martins, directora-adjunta do "Observador", sabe imenso de meteorologia (melhor: conhece vários sites...), de "rios atmosféricos" e de outros fenómenos da coisa, mas escrever correctamente é que não parece ser com ela: em vez de "três [plural] massas de ar polar mantêm [plural] a chuva e o frio", prefere "três [plural] massas de ar polar mantém [singular] a chuva e o frio".





Navalny

 

O que por aí correu a respeito da morte de Alexey Navalny, de quem só faltou dizer-se que foi estrangulado pelo próprio Putin na sua prisão!...
Mas agora o chefe dos serviços secretos da Ucrânia, o todo-poderoso Kyrylo Budanov, vem dizer que foi um coágulo que o matou.

Notícia na CNN Portugal




Todos aqueles que afirmaram que Navalny tinha sido morto a mando de Putin vão reconhecer que, ao menos, deviam ter esperado uns dias para se pronunciaram?

Ou vão dizer que Budanov está a soldo da Rússia?


*


O major-general Carlos Branco publicou no "Jornal Económico" um artigo muito esclarecedor sobre Alexey Navalny, cuja leitura muito recomendo:









Ler jornais já não é saber mais (206): zero em aritmética e pensamento lógico

Estes números foram divulgados pela BBC em 24 de Fevereiro de 2022, numa síntese de informações do site Global Firepower: a Ucrânia tinha 1 100 000 soldados.





Segundo o presidente ucraniano, em 25 de Fevereiro de 2024, morreram "só" 31 000 soldados ucranianos no conflito com a Rússia em dois anos:






Mas, em 19 de Dezembro de 2023, o "Financial Times", entre muitos outros órgãos de informação, noticiava que a chefia das Forças Armadas ucranianas precisava de mais 500 000 efectivos e queria fazer uma mobilização à força.





Porque, dizem, por exemplo, os que propagam que a Ucrânia perdeu "só" os 31 000, que há "um problema" no recrutamento (que, segundo uma lei em debate no Parlamento ucraniano, abrangerá jovens com 18 anos e homens com 65 anos).





Portanto, as Forças Armadas ucranianas perderam 31 000 soldados mas precisam de mais 500 000? Não é estranho?

Os jornalistas, dizia-se (e era diariamente visível, o que explica a transferência de muitos licenciados em Economia para a actividade jornalística...), não sabiam fazer contas nem as percebiam, em si ou no contexto.

Ou seja: nem aritmética, nem pensamento lógico.


sábado, 24 de fevereiro de 2024

EDP/e-Redes: a Crónica das Trevas (108): 5 apagões (pelo menos), 1 telefonema... e 1 visita... e mais apagões e mais 1 telefonema







Às 23h00 e às 23h36 de ontem. Hoje às 6h27, 6h31 e 6h33.

Às 6h35 telefonei para o "serviço de avarias" do monopólio eléctrico (800 506 506, para quem quiser) a comunicar a "avaria". 

Depois disso não houve mais apagões e, por volta das 9 horas, recebi uma visita de uma equipa de dois homens da Canas, uma empresa que trabalha para a e-Redes. Um dos técnicos explicou-me que se tratava de "descargas de média tensão", resultantes da aproximação dos cabos eléctricos devido ao vento. O outro técnico (julgo eu que o fosse, de óculos escuros e encapuzado) não disse nada. Esta visita foi um acontecimento inédito no historial do meu conflito com a EDP/e-Redes. 

Mas por volta das 18 horas, e sem vento, houve novo apagão. Perto das 19h30 foram vários, em sucessão rápida: apaga, acende, apaga, acende, apaga, acende...

E, com isto, novo telefonema a participar a avaria. Felizmente, não fui o único a fazê-lo porque me disseram que, por volta das 18h45, já tinha havido outro telefonema. Quanto à avaria (as "descargas de média tensão"?!), deveria estar resolvida pelas 22 horas. Depois deste contacto com a EDP/e-Redes não voltou a haver apagões neste dia.

Contas feitas: é o costume. Isto:







O que o "Expresso" descobriu agora!...


 


Quem já dizia isto da crise ucraniana há dois anos era considerado "putinista". Hoje é o "Expresso" a descobrir que, afinal, há ganhadores cheios de sorte nesta guerra por procuração.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Tempo "invernal" no Inverno: que coisa extraordinária!...

 


O jornalismo, hoje, é isto. Não faz falta.

O fracasso da opinião publicada





Reparem bem: as televisões e os jornais de maior circulação (através de material noticioso e de comentadores, com pouquíssimas vozes discordantes) têm sempre insistido em que é possível à Ucrânia derrotar militarmente a Rússia.

Mas, depois, verificamos que só 10 por cento da opinião pública é que acredita nessa possibilidade, com uns esforçados 17 por cento em Portugal, onde a opinião pública está muito mais formatada pela opinião publicada.

Isto devia pôr muito boa gente a pensar... e a fazer perguntas. 

Em primeiro lugar, sobre a credibilidade dos meios de comunicação social e os seus diversos vieses, de origem ou devidamente induzidos. 

E, depois, sobre o modo como os dirigentes políticos da União Europeia, no meio de uma crise económica grave, continuam a enviar milhões de euros para a Ucrânia, sem que as suas "vacas leiteiras", que somos todos nós, sejam consultadas, com o objectivo (oficial) de comprar munições. Munições essas que não só desaparecerão em pouco tempo como farão com que, no terreno, mais ucranianos sejam mortos.



terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

"Vamos mudar": a sujidade da água pública passa a durar 4 dias em vez de algumas horas

 



Sexta-feira (dia 16), sábado, domingo, segunda-feira e, ainda, à meia-noite e meia de hoje, terça-feira, dia 20: foram quatro dias em que a água para consumo público na Serra do Bouro (Caldas da Rainha) saiu amarelada, turva e até castanha.

Quatro dias.

Dos vários telefonemas feitos para os Serviços Municipalizados da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, ao longo destes dias, foi possível apenas ficar com a ideia de que teria havido uma ruptura e de que os canos tinham ficado sujos e que parece ter havido "limpezas" sucessivas, sem que os prestimosos especialistas da coisa soubessem explicar qual era o problema.

Água a sair suja das torneiras não é uma novidade em Caldas da Rainha. Não há explicações, não há descontos para a água que o consumidor acaba por deitar fora e que, às vezes, não é em tão pequena quantidade como se pode pensar. Mas é um fenómeno que dura poucas horas.

Até agora, nunca houve uma situação assim. 

A organização política unipessoal com que o actual presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha chegou ao poder tem a designação "Vamos Mudar". 

E, neste caso, realmente, mudaram: porcaria nas torneiras durante quatro dias seguidos!



segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Ravasqueira a vender "vinho da UE": por onde anda o vinho espanhol? (3)

A respeito do que aqui escrevi sobre o "vinho da UE" vendido pela empresa vitivinícola alentejana Ravasqueira, há uma precisão a fazer: estamos perante uma empresa inserida noutra empresa (Winestone) criada pelo grupo José de Mello para o sector dos vinhos, de acordo com esta nota na "Revista de Vinhos" e com o site José de Mello.




Pergunto, portanto: uma empresa desta dimensão, e com ambições internacionais, precisa de estar a vender "vinho da UE"?




quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Será verdade?...

 





Caetano e Spínola, Zelenksy e Zaluzhny

Em Janeiro de 1974, o nosso país entrava no décimo-terceiro ano de uma guerra inglória: um exército de um pequeno país da Europa, que era mantido pela força, era obrigado a tentar vencer uma guerra de guerrilha, com apoio popular, em três países de África. Os movimentos independentistas de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau não queriam a soberania de Portugal e na Guiné-Bissau a guerra já estava perdida graças aos mísseis oferecidos pela URSS aos guerrilheiros do PAIGC.

Uma das pessoas que o percebeu foi o general português António de Spínola que, exercendo o cargo de comandante militar na Guiné-Bissau entre 1968 e 1972, se recusou a aceitar uma segunda nomeação para o mesmo cargo. 

Spínola, que granjeara prestígio militar e político na Guiné-Bissau, tornou-se um factor de inquietação para o governo português quando começou a defender o fim da guerra nas colónias e a criação de um Estado federalista que englobasse Portugal e os novos países que resultariam das colónias.

Marcelo Caetano, primeiro-ministro, com o apoio do Presidente da República de então, Américo Thomaz, convidou-o para ser ministro do Ultramar em 1973. Spínola rejeitou a oferta. Em Janeiro de 1974, no entanto, e por influência do então chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Costa Gomes, aceitou ser vice-chefe do Estado-Maior.

A nomeação não o sossegou e, em Fevereiro de 1974, publicou o livro "Portugal e o Futuro", defendendo abertamente a tese federalista, que era apoiada por sectores significativos da sociedade civil mais conservadora, e o consequente fim da guerra nas várias frentes. Isolando Spínola e Costa Gomes, a maioria da hierarquia militar (que defendia a continuação da guerra), declarou publicamente a sua lealdade ao Governo. Spínola e Costa Gomes, que também nunca escondera a sua preferência por uma solução não militar para as colónias) foram demitidos em Março de 1974.

Um mês depois, em Abril de 1974, Spínola e Costa Gomes regressaram à cena política, encabeçando o movimento de oficiais que, no dia 25, derrubou o governo de Marcelo Caetano. Foram ambos, e por essa ordem, os dois primeiros Presidentes da República do Portugal democrático.


*


A guerra na Ucrânia (que a Federação Russa designou por "operação militar especial", em Fevereiro de 2022) está perdida para o governo ucraniano de Kiev. 

Não há surpresas nisto nem, tão pouco, heresias (por muito que alguns assim o entendam). É a simples realidade dos factos.

Desde essa altura que a Rússia intensificou a produção industrial de todo o tipo de equipamento militar e de mobilização de futuros soldados. Bastaria atender à desproporção entre os dois países para perceber que, mesmo com a canalização de armas e de dinheiro do estrangeiro para o governo de Kiev, a vitória militar sobre a Rússia seria impossível. Nem o esvaziamento dos armazéns e dos cofres dos países da NATO, que já não estavam a fabricar armas numa perspectiva de defesa territorial, permitia alimentar esse sonho. Nem, tão pouco, a  miragem de uma contra-ofensiva milagrosa.

Durante vários meses, o governo de Kiev foi anunciando uma contra-ofensiva que até iria derrotar a Rússia. Mas, durante esse período, a Rússia criou uma linha defensiva poderosíssima a proteger o próprio país e os territórios que retirara ao domínio de Kiev. E é espantoso que os grandes especialistas da NATO e dos seus países não tivessem percebido que a contra-ofensiva seria um fracasso.

Como foi, portanto, cabendo ao general ucraniano Valery Zaluzhny, o chefe do Estado-Maior com conhecimento das situações concretas, o papel ingrato de reconhecer que a vitória era impossível. Ou seja, que era (e é) a derrota que está no horizonte militar do governo de Kiev.

Os militares devem saber compreender quando já não é possível vencer o inimigo pelas armas. Spínola soube-o e os chefes políticos (Caetano e Thomaz) puseram-lhe a cabeça a prémio. Zaluzhny também soube e o presidente ucraniano Zelensky fez igual, pedindo a Zaluzhny para deixar o cargo, oferecendo-lhe outros lugares (hipóteses que o general recusou) e, finalmente, acabando por demiti-lo do cargo.


*


Valery Zaluzhny e Andriy Stempitsky, sob o olhar inspirador de Stepan Bandera


E o que fará agora o famoso general ucraniano? Beneficiando do apoio dos militares, Zaluzhny tem sido visto como um adversário político real para Zelensky, cujo mandato presidencial terminará, de acordo com a lei, em 15 de Março.

Em princípio, haveria eleições, mas o próprio Zelenksy, que é obviamente parte interessada numa posição que lhe tem sido bastante favorável, tem sugerido que o estado de guerra em que o país se encontra não permite eleições. 

Não seria, portanto, dessa maneira que Zaluzhny (que beneficia de elevados índices de apoio popular, mais do que o presidente em funções) poderia substituir Zelensky, que se transformou num intermediário duvidoso do dinheiro que tem sido atirado para Kiev, num obstáculo à inevitável negociação que tem de pôr termo ao conflito e no principal responsável pela destruição do seu próprio país e dos seus concidadãos.

Há menos de uma semana, Andriy Stempitsky, comandante da 67.ª Brigada Mecanizada ucraniana, publicou no Facebook uma fotografia que tirou com Zaluzhny, já demitido, tendo por fundo um retrato de Stepan Bandera, um ucraniano famoso por ter colaborado com os nazis. E o que ela sugere, voluntária ou involuntariamente, é que Zaluzhny está bem atento, e tendo por inspiração o ídolo mais conhecido da extrema-direita ucraniana. 

A fotografia, carregada de significado, foi reproduzida (e comentada) aqui. A imprensa portuguesa ignorou-a.



terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Foi tudo feito de forma errada: as dúvidas de especialistas sobre as vacinas da covid-19


As vacinas para a covid-19 fazem mais mal do que bem, nascendo de processos de aprovação absolutamente inéditos para a aprovação de vacinas.

Nada de novo numa situação que sempre tem suscitado mais dúvidas do que certezas, desde que as vacinas "fast food" começaram a ser apresentadas como uma verdadeira água benta para travar a pandemia mais sobrevalorizada de toda a história da Humanidade.

Os pormenores podem-se ler aqui, pela mão de Pedro Almeida Vieira no "Página Um" e a partir de um artigo credível, de autores credíveis, publicado na credível revista "Cureus": https://paginaum.pt/2024/02/09/artigo-cientifico-com-peer-review-diz-que-vacinas-contra-a-covid-19-matam-14-vezes-mais-do-que-salvam/

E esses pormenores, com os números que trazem, são realmente chocantes, como sublinha Pedro Almeida Vieira.






segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Ler jornais já não é saber mais (205): o jornalismo (?) daquilo que uma das partes diz que é "quase certo"


O Reino Unido, talvez por querer substituir os EUA na Europa que abandonou, tem sido um dos mais ferozes promotores da "guerra por procuração" na Ucrânia. 

O papel do então primeiro-ministro Boris Johnson na sabotagem do que seriam as conversações de paz entre a Ucrânia e a Rússia na Turquia, ainda em 2022, é o exemplo mais marcante. 

Mas são frequentes as manifestações da campanha das autoridades inglesas a favor de um dos lados do conflito, o governo de Kiev, tentando alimentar a ficção (como Johnson) de que o pequeno país, agora ainda mais pequeno, que é a Ucrânia pode vencer pela força um país gigantesco, como a Rússia.

Estas duas "notícias" recentes são bons exemplos: há "indícios", é o primado do "pode" e do "talvez", é o "admite", é o "quase certo"... e tudo saído de uma partes com interesse na matéria. O mais extraordinário é, nisto, como a imprensa que se acha "de referência" dá espaço à coisa, sem um pingo de objectividade, de ética e de profissionalismo.  








domingo, 11 de fevereiro de 2024

É Carnaval, ninguém leva a mal!...

Eu sei que estamos no Carnaval, que a atracção das vacinas tipo água benta da covid-19 já foi chão que deu uvas, que se sucedem (e sem qualquer esclarecimento) as dúvidas sobre os nocivos efeitos secundárias destas vacinas "fast food" produzidas demasiado depressa...

Mas este artifício de marketing, sustentado pelos "estudos" que para tudo servem e de que ainda ninguém se lembrara para todas as outras vacinas realmente significativas, nem me parece ser daqueles que os próprios conseguem levar a sério.



A "notícia" é da CNN Brasil (país onde se vive intensamente o Carnaval), de 9.02.2024



É isto mesmo, numa Europa que deixou de servir os europeus

 

(Autoria desconhecida.)




sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

EDP/e-Redes - A Crónica das Trevas (107): mais um...

... apagão. Às 10h47.

Uma empresa e um serviço que não passam disto.






A destruição televisiva da democracia



Os "debates" televisivos, com os principais dirigentes partidários, transformaram-se num processo metódico de destruição da democracia.

A ideia inicial seria, parece, a de deixar os políticos apresentar as suas propostas e permitir que, à vez, pudessem debatê-las com os seus adversários.

Mas o que está a acontecer é uma perversão de qualquer ideia de debate: cada dirigente partidário dispõe de 15 minutos para dizer o que quer fazer e contraditar, ou não, o que diz o seu opositor. Não acho que seja suficiente, salvo se cada um for um perito comunicacional de primeira linha a quem bastam três minutos para prender a atenção de quem o ouve.

Depois dos curtos 15 minutos de cada um há mais cerca de hora e meia em que comentadores politicamente filhos de pai incógnito (que ocultam as suas simpatias políticas, que têm o direito de ter) sobrepõem as suas opiniões ao que disseram os políticos. Os tais que são os que vão a votos e de entre os quais deverá sair o futuro primeiro-ministro do País. Não são os comentadores que vão as votos nem é de entre eles que pode sair um primeiro-ministro. Por enquanto, pelo menos.

Depois disto, o que resta do que dizem os líderes partidários? Nada.

Isto não é democracia.




quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Ler jornais já não é saber mais (204): a imprensa não precisa de jornalistas

Quando se debate (ou, melhor, quando se começar a debater a sério) a crise da imprensa, e a sua relevância, há que tomar atenção a esta loucura noticiarista dos avisos coloridos da meteorologia. 



Ninguém vai dar um cêntimo que seja para se inteirar dos "alertas" meteorológicos quando tem, no telemóvel ou no computador, e quando quiser, qualquer tipo de serviço de meteorologia. Só porque vêm com o software, eu tenho um no telemóvel e outro no meu computador. E, se quiser, ainda arranjo mais uma boa meia-dúzia.

Quer em papel quer on line, é possível fornecer aos destinatários da comunicação social este tipo de informação por meio de elementos visuais animados ou por simples representações gráficas no papel. Ocupar espaço útil para outras coisas, que realmente possam atrair leitores, com notícias escritas sobre os "avisos" da meteorologia (que, aliás, nada dizem) é uma perfeita idiotice. 

E uma demonstração clara de que, para este tipo de jornalismo (?), não são necessários jornalistas. 



terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Ravasqueira a vender "vinho da UE": por onde anda o vinho espanhol? (2)


Um dos formatos de venda de vinho em Portugal, além das garrafas, é o do “bag in the box” (BIB), que consiste em sacos cheios de vinho (normalmente em quantidades de 5 e de 10 litros), que são acondicionados em caixas de cartão. 

Se o acondicionamento, armazenamento e qualidade forem bons, é uma forma perfeitamente aceitável para comercializar, e consumir, vinho (ao longo de alguns dias), tendo substituído os antigos garrafões na comercialização a granel. Os BIB acolhem bem os vinhos correntes mas já não servirão para os vinhos de guarda ou de reserva.

Os elementos informativos do formato BIB são mínimos, mas dizem muito a respeito do vinho: quem é o produtor (ou comercializador), qual é a origem, qual é a graduação e se tem indicação de ano de colheita e de castas.

O elemento informativo mais elucidativo pode ser o da origem. O vinho que contém é português ou será… “Vinho da UE”? A designação de “vinho da UE” indica que o vinho é de outro país da União Europeia que não Portugal.

No sector do BIB, há produtores e há vendedores, e que são apenas vendedores (ou comercializadores) de vinho importado. Não há nada, na legislação, que impeça a venda de vinho importado no mercado nacional, engarrafado de origem ou por cá, mas os consumidores (mais ou menos enófilos) poderão querer saber se o seu vinho é português ou estrangeiro.

Quando compro vinho, em garrafa ou em BIB, há quatro coisas que tento saber: quem o vende (ou produz, e de que região é), qual o ano de colheita, de que castas são as uvas empregues e, sem que isso seja factor decisivo, qual a sua graduação.

Quando, há poucos dias, estive a examinar a oferta de vinhos BIB num supermercado da cadeia Intermarché, reparei que havia dois vinhos provenientes (“acondicionados”) da famosa empresa Ravasqueira, de Arraiolos (Alentejo), com a designação “vinho da UE”: “Cavalo Sagrado” e “Cerca Velha”. Este, branco e tinto, está à venda por 5.99€, o que dá 1.20€ por litro. O “Cavalo Sagrado”, só tinto, custa 7.99€, o que dá 1.59€ por litro. 

Curiosamente, num folheto do Intermarché, com validade de 25 de Janeiro a 14 de Fevereiro, o “Cavalo Sagrado” baixa de preço para 6.99€, aparecendo as duas marcas junto de coisas tão sem qualidade como o “Alto de Pias”, o “Amor de Pias”, o “Capataz”, o “Alto das Serpas” e o “Dom Campos”…




O "Cerca Velha"




O "Cavalo Sagrado"



Más companhias


Não é raro encontrar vinhos comercializados em formato BIB de empresas que também vendem vinhos em garrafa, que são mais caros, e que tentam posicionar-se no mercado com uma imagem de qualidade acima de qualquer dúvida. Toma-se como certo, e aceite, que o vinho do BIB é vinho corrente, menos trabalhado e com pouco ou nenhum estágio, com um preço obviamente mais baixo. Os vinhos de maior qualidade serão engarrafados, com preços mais elevados (ou, mesmo, muito mais elevados, incluindo-se o custo das garrafas e do engarrafamento na formação do preço final).

Regressemos à Ravasqueira, que pertence à empresa Sociedade Agrícola Dom Dinis, de Arraiolos, que invoca uma história de 81 anos de idade e o magnata José Manuel de Mello como seu fundador.

No seu site encontramos vinhos como o “Encantado” tinto de 2021 a 9€ a garrafa, o “Nero D’Avola” de 2013 a 16€, o “Heritage” tinto de 2017 a 50€, o “Premium Alicante Bouschet” de 2014 também a 50€. Em matéria de BIB é que não há nada. É evidente que o “Cerca Velha” e o “Cavalo Sagrado” (até como vinhos "da UE") fariam má figura neste palmarés. De qualquer modo… justifica-se escondê-los?

Porque a questão fundamental acaba por ser esta: os dois BIB do Intermarché, que é uma discreta cadeia de supermercados, parecem estar a ser vendidos às escondidas, como se a Ravasqueira tivesse vergonha de o fazer.

E quando se olha para uma situação destas, há duas perguntas que não podem deixar de ser feitas: esta venda de “vinho da UE” é uma maneira de fazer dinheiro rapidamente, comprando e vendendo num sector que consome de forma pouco avisada? Ou será que este “vinho da UE” é vinho que sobrou de qualquer compra feita em excesso de vinho de outro(s) país(es)... e que foi usado para outros fins?

Já agora, este "vinho da UE" será vinho de Espanha, do tal que entra (no mercado) sem se saber por onde sai?

Uma coisa é certa: como consumidor, nunca mais conseguirei olhar da mesma maneira para os vinhos da Ravasqueira, sejam eles quais forem, nem muito menos comprá-los, porque não poderei ter a certeza de que neles não existe “vinho da UE”.


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Ravasqueira a vender "vinho da UE": por onde anda o vinho espanhol? (1)


Em 2022 entraram em Portugal, por importação, 282 785 330 litros de vinho vindo de Espanha, que é a principal origem do vinho importado. Este valor não inclui vinhos licorosos e outros, que não sejam “vinhos de mesa” e inclui mostos. A fonte desta informação é o Instituto da Vinha e do Vinho (https://www.ivv.gov.pt/np4/38/)

Em 2021, e segundo a mesma fonte, foram importados 279 361 000 litros de vinho espanhol (de acordo com os mesmos parâmetros).

Em 2022 venderam-se em Portugal 195 690 148 litros de vinho “certificado” e “não certificado” (com e sem indicação de origem das regiões portuguesas) e, em 2021, 209 105 272 litros. Estes elementos estatísticos, da mesma fonte, indicam que a venda de vinho importado no mercado nacional nos dois anos foi, respectivamente, de 9 115 185 litros e 9 161 084 litros. Estes números referem-se, apenas, aos “vinhos de mesa”.

Há, como se pode ver, uma discrepância nítida entre o volume de vinho importado e o vinho importado que é vendido. O site do Instituto da Vinha e do Vinho não parece apresentar qualquer explicação para esta discrepância. Podemos especular que ela pode ser explicada por vendas não efectuadas, vendas ao longo dos anos seguintes do produto adquirido num só ano (embora a tendência seja sempre a mesma: muita importação, pouca venda), exportações… ou qualquer outra via de escoamento.

Por outro lado, não se vêem, nem em supermercados nem em garrafeiras, as quantidades de garrafas de vinho espanhol que poderiam corresponder à importação. Note-se que, e pensando apenas no padrão da garrafa de 7,5 centilitros, note-se que um número redondo de 200 milhões de litros dariam origem a uma quantidade de 266 milhões de garrafas de “sete e meio”.

Portanto, em termos práticos, a pergunta impõe-se: como é que circula, no mercado nacional, o vinho importado de Espanha?

Mas há mais perguntas: o “vinho da UE” que, por exemplo, é vendido nestas embalagens de “bag in the box” será espanhol? E como é que uma empresa famosa, como é a Ravasqueira (cuja designação comercial é Sociedade Agrícola Dom Diniz), aparece a vender "vinho da UE" que, por mais que se procure, não aparece "on line" nem, muito menos, no seu site?





domingo, 4 de fevereiro de 2024

Ler jornais já não é saber mais (204): jornalismo (?) de rotulagem


Eis o inventário quase completo dos pesadelos do "Expresso": extrema-direita (o grande bicho-papão), Coletes Amarelos (não se notou por cá, mas convém) e "negacionistas das vacinas" (a água benta da covid ou todas, já agora, porque há diferença?).

Só faltam os "negacionistas das alterações climáticas", mas devem ter-se esquecido...








Ler jornais já não é saber mais (203): não são precisos jornalistas, porque a Inteligência Artificial já faz os títulos de primeira página