sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

À beira do fim, mas com cuecas






A capa da edição do passado dia 2 de Dezembro da revista inglesa "The Economist" diz tudo sobre a actual situação da crise ucraniana ao dar destaque a uma pergunta terrível: "Putin está a ganhar?" 

"The Economist" é uma publicação insuspeita de ser, como cá se diz, "pró-Putin" ou "pró-russa" e não é a única publicação que, nos últimos meses, tem afirmado, sugerido ou dado espaço ao que já foi uma certeza absoluta. Que era a de que a Federação Russa podia ser militarmente derrotada por interposto adversário. Mas, agora, e ainda para mais com uma referência à indústria militar russa na capa? É o fim, de certo modo.

E bastou uma semana para ficar claro que, na frente de batalha, os chefes e soldados que restam das forças armadas ucranianas estão a recuar e que há uma crise, no governo ucraniano, entre a liderança política e a liderança militar.

O conflito na Ucrânia, antes e depois da "operação militar especial" da Federação Russa, foi e tem sido alimentado pela influência política directa, pelo dinheiro e pelas armas entregues a uma das partes (o governo de Kiev) por uma larga frente político-militar onde se reúnem os EUA, a liderança política da União Europeia, o Reino Unido e a NATO. 

É possível que esta frente, unida e organizada e num confronto directo com a Federação Russa, até pudesse conseguir no campo de batalha o que outros não conseguiram: conquistar, militarmente, a capital russa e submeter o Estado russo. Até podemos imaginar que conseguisse atingir o Kremlin e os centros de decisão militares com mísseis nucleares, antes de a Rússia o poder evitar, e vencer dessa maneira. Mas por interposto adversário? Não.

No entanto, até foi esta certeza que levou, em Março de 2022, o então primeiro-ministro inglês, Boris Johnson, a forçar a ruptura das negociações iniciadas nessa altura entre a Ucrânia e a Federação Russa. A Rússia podia ser derrotada, garantiu.

Viu-se! Tome-se o triste exemplo da "contra-ofensiva". Anunciada durante meses, deu tempo e espaço para o adversário se organizar, criar linhas defensivas que não puderam ser rompidas e intensificar a produção de tudo aquilo que é necessário para manter um conflito armado numa escala sem precedentes. Seis meses depois, a "contra-ofensiva" está virada do avesso: a Ucrânia recua e a Rússia avança.

Com o Inverno à porta, já ninguém consegue esconder que a situação da Ucrânia é catastrófica e que há o conflito aberto entre o presidente comediante, Zelensky, e o chefe das forças armadas, Zaluzhny. Não é muito diferente do que já aconteceu noutros países, e mesmo entre nós. Num lado temos os políticos a quererem que os militares ganhem uma guerra impossível de ganhar e, no outro, os militares que se esforçaram até ao limite e que, sem armas, sem munições e se soldados, não podem fazer milagres. Quando já não havia qualquer dúvida de que a "contra-ofensiva" tinha fracassado, Zaluzhny descreveu-a como "impasse" à "The Economist", para fúria de Zelensky. 

Esta crise é, além disso, agravada pela diminuição drástica dos apoios, em equipamento e em dinheiro, dos aliados de Zelensky e pelo desvio do financiamento americano para Israel, no meio de uma tempestade política interna.




Quando já é motivo de sátira a "expulsão" do conflito na Ucrânia da comunicação social devido ao conflito entre Israel e o Hamas, a propaganda do regime de Zelenksy é inútil
e os chefes da UE e dos EUA já receiam o fim




E até se vêem os próprios dirigentes europeus e da NATO a avisar para as "más notícias" que poderão vir da Ucrânia, o que é qualquer coisa de espantoso: como raio é que não perceberam que os dirigentes políticos e militares ucranianos estavam, literalmente, a desperdiçar soldados, dinheiro, munições e demais equipamento? Como é que não perceberam que não havia capacidade industrial para fazer mais armas e munições, por exemplo durante os meses em que a contra-ofensiva ia sendo anunciada, e que a Federação Russa nunca deixou de produzir tudo aquilo de que necessitava, e de forma cada vez mais perfeita, e comprando o que não conseguia fazer? 

É significativo que, no período de uma semana, se generalize a convicção de que a Ucrânia está a perder a guerra para que foi empurrada, de que a Rússia, com o seu presidente indiscutivelmente reforçado num mundo que já não gravita em torno dos EUA, está a ganhar e de que o desfecho só poderão ser negociações, com o actual Estado ucraniano a perder grande parte do seu território.

Nem as cuecas portuguesas, nesse magnífico contributo da ministra da Defesa para o equipamento do pessoal feminino das forças armadas ucranianas, chegarão a tempo...









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