Mais de cinco anos separam esta fotografia e as restantes.
Esta foi tirada talvez em 2018 e mostra um podengo ainda jovem que vinha, logo de manhã, bater-me ao portão para brincar com as suas "primas" Elsa e Joaninha. Azougado, cheio de energia, magríssimo e ansioso por comida e água, parecia incansável. Depois, quando elas se fartavam, ele acabava por desistir e ia pôr-se ao portão, para se ir embora. Quando eu passeava com elas, ele acabava também por vir atrás. Parte da história está descrita aqui.
As coisas começaram a alterar-se quando vi o modo como os seus "donos" agiam. Não o passeavam e cheguei a ouvi-los vangloriarem-se, a visitas, à porta de casa, que já tinham um criado para lhes passear o cão... e sem terem de pagarem o serviço. Ou seja: eu,
Antes disso, e num dos dias em que ele estava a brincar, ouvi um dos "donos" a chamá-lo. Sabia onde estava o cão e a criatura podia ter percorrido as dezenas de metros que separam o seu portão do meu. Mas não. Não quis falar comigo. O cão, claro, não foi ter com ela. Mas o mais significativo foi perceber como esta atitude os caracterizava, e caracteriza. Julgam-se superiores a todas as outras pessoas. Não admira que, aqui, ninguém lhes passe cartão.
Nos passeios comecei a reparar que o cão bebia água de charcos imundos e repletos de mosquitos. Que apanhava, e comia, o que encontrava pelo caminho. Que andava de diarreia durante vários dias seguidos. E que, um dia, controlados os meus cães porque andavam de trela, só não foi atropelado porque não calhou, mesmo à nossa frente.
Mas foi-o mais tarde, e julgo que por mais do que uma vez. Um dos atropelamentos foi muito grave e terá tido fracturas severas nas pernas de trás.
Não era de admirar que isso acontecesse, porque o cão começou bem cedo a sair do espaço da casa dos "donos" (mas nunca saiu "de casa" porque não deixavam entrar, nem mesmo nos invernos mais rigorosos), pelas zonas de passagem de uma cerca instalada com incompetência e pelos buracos que, sucessivamente, ia abrindo na cerca. Os tipos não se importavam, e não se importam. Deixam-no andar à vontade, deixam-no sozinho durante horas e dias. E deixam-no, agora, ser agressivo.
O que foi um jovem cão simpático é agora um cão velho, antipático e agressivo. Ladra e investe, mas sem se aproximar muito, contra os outros cães e contra as pessoas que passam. Só poupam um casal de vizinhos que, como eu, passeiam regularmente os seus próprios cães e que até o tratam bem. Os "donos" também os devem ver como criados deles.
Descontroladamente à solta, com os novos "criados" |
O modo negligente como este pequeno cão tem sido tratado e o seu territorialismo descontrolado hão de ter estado na origem deste comportamento. Que um cão possa ser agressivo, se for muito territorialista, é, infelizmente, natural. Mas pode ser corrigido. Que os "donos" o permitam, e que permitam ainda que ele ande à vontade a incomodar os outros, e sem lhe corrigirem o comportamento, é que já não é natural. É estúpido, pelo menos.
Com tudo o que de errado têm feito conseguiram dar cabo do cão, psicologicamente e sabe-se lá mais onde, até porque parece baço de pelo, mais baço do que a idade explicaria, e coxeia com alguma frequência.
Hoje de manhã, e enquanto os seus "donos" continuavam de janelas fechadas, e quando eu andava a passear a Elsa, ele decidiu investir contra nós. Mas, cobarde como é, cobarde como os "donos" são, nem se chegou. A Elsa, que gostava muito dele, pareceu-me ter ficado surpreendida com o esboço de ataque. Felizmente, e apetece-me dizer que infelizmente, não haverá um confronto que o permita saber.
Talvez achem que a agressividade do cão lhes dê estatuto, ou lhes dê a importância que não têm mas julgam ter |
Sem comentários:
Enviar um comentário