segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

O "rio atmosférico" e a parvoíce estratosférica que fomenta o alarmismo















 

Se consigo, com alguma imaginação, pensar que a expressão "rio atmosférico" pode ser aplicada a qualquer situação de chuva mais forte, só me ocorre (e, pelo menos, ao longo dos vinte anos em que moro nesta zona rural do concelho de Caldas da Rainha) o que aconteceu no dia 1 de Janeiro deste ano. Choveu pesadamente e durante muitas horas, tornando muito difícil, mas não impossível, circular fora de casa e quase estaria tentado a afirmar que nunca tinha visto chover desta maneira, pelo menos aqui.

E nem me parece que quando vivi uma noite de chuva mais intensa a cerca de 40 quilómetros daqui, em meados de Dezembro do ano passado, fosse razoável falar em "rio atmosférico".

E, no entanto, parece ter-se generalizado, entre o que dificilmente pode ser tido como comunicação social e aquela comunicação social que se julga mais importante e onde o nível da mão de obra devia ser mais elevado, o recurso ao "rio atmosférico" ... para descrever situações de chuva mais forte que são absolutamente normais nos meses de Novembro e de Dezembro. Ou seja, na transição do Outono para o Inverno. 

Só que se caiu numa banalização profundamente idiota: usam-se as expressões mais pitorescas, sem qualquer preocupação de verificar depois se elas têm alguma razão de ser. O que neste caso até talvez tenha vantagem: habituados à chuva no tempo da chuva, talvez a grande maioria das pessoas ligue pouco a esta parvoíce e, com sorte, menos acreditam nos autores destes delírios.

Como é que é possível ir buscar coisas tão pitorescas, além do "rio atmosférico", como "ciclogénese explosiva" "ciclone-bomba", "bomba meteorológica", "comboio de depressões", "comboio de tempestades", "bloqueio escandinavo" e, até, "uma verdadeira vaga de frio" no Inverno?

A intenção de causar alarmismo, em consonância com outras tentativas do mesmo teor feitas na época medonha dos confinamentos, pode ser real e é uma hipótese a ter em conta quando se olha para estas parvoíces de dimensões estratosféricas. Mas acharão os seus cultores que, assim, vão lá?




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