Parece que há médicos a menos no SNS. Parece que há doentes a mais, ou, melhor dito, pessoas efectivamente doentes e pessoas que talvez estejam mesmo doentes. Parece que o dinheiro não chega. O que também parece, e realmente é, é que este governo e este primeiro-ministro existem desde 2016. Há sete anos. Os problemas do SNS não são de agora e sete anos teriam sido um período suficiente para os resolver.
Mas há, além
disto tudo, um problema fundamental: uma atitude hipócrita que devia
envergonhar os próprios médicos, os governantes e todos os outros decisores
políticos.
Não nos esqueçamos de que, durante dois anos – 2020 e 2021 –, as doenças foram todas
“proibidas” à excepção de uma: a covid-19.
Durante
esses dois anos, o Governo e os médicos (que passaram a ter tempo para
organizarem coreografias musicais nos hospitais vazios) fecharam, e deixaram
fechar, o SNS a todas as pessoas que estavam doentes, que poderiam estar
doentes e a quem teria sido necessário examinar para se saber se estariam mesmo
doentes.
Durante esses
dois anos só existiu uma doença: a covid-19, a doença que era causada pelo vírus SARS-CoV-2,
responsável pela mais sobrevalorizada de todas as pandemias humanas. Tudo o
resto ficou do lado de fora dos hospitais e dos serviços de saúde. O seu
pessoal, elitista e iluminado, declarou-se adepto do “fique em casa”, sem problemas
de consciência. Uns lucraram nas carteiras, sobretudo os fãs das vacinas
milagrosas, e os outros lucraram com o reconhecimento dos políticos.
Nunca lhes
ouvi dizer que a expulsão das pessoas dos seus serviços poderia fazer aumentar
o número de doentes e de exames de diagnóstico nos anos seguintes. Armaram-se em "heróis" e foram promovidos como tal pelos governantes que agora criticam.
Acredito que,
hoje, três anos depois da abominável idiotia dos confinamentos (que, numa
sociedade verdadeiramente democrática, devia levar a julgamento políticos e “especialistas”
por crimes menores mas praticados de forma reiterada), um dos males do SNS é
esse: afluência em excesso de doentes e de potenciais doentes.
Podem faltar
todas as reformas, pode faltar o dinheiro, podem faltar infraestruturas e condições
remuneratórias para os profissionais (que não parecem queixar-se das
remunerações do sector privado), podemos ter os governantes mais estupidamente
incompetentes desde 1974, mas não podemos ignorar o erro que foi o fecho
político dos serviços de saúde em 2020 e em 2021. De que foram cúmplices os médicos.
Que bom que foi não ter de aturar doentes |
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