A modalidade de fitness conhecida por pilates, a partir do nome do médico alemão Joseph Hubertus Pilates (1880-1967), que a criou, deve ser praticada -- avisam os especialistas -- com o máximo de fixação dos pés, e do corpo, à superfície.
Fazer os exercícios com os pés nus torna mais seguro, mais fácil e mais lógico o contacto com o chão e é benéfico para a postura, fortalecendo os músculos dos pés, melhorando o equilíbrio ajuda o próprio corpo a adaptar-se ao meio ambiente.
Se as luvas são úteis para as mãos, para as proteger de lesões causadas por temperaturas insuportáveis para a pele ou pelo manuseio de objectos, seria estranho que andássemos sempre de mãos enluvadas. A sensibilidade perder-se-ia e o contacto com o mundo também. É um princípio que só ganha em ser adaptado aos pés.
Quando comecei, há pouco mais de um ano, a frequentar regularmente aulas de pilates, e descalço, fiquei surpreendido com a quantidade de pessoas que o fazia, e faz, de meias. E homens e mulheres, sendo estas a maioria das pessoas que praticam a modalidade.
Quer faça calor, quer faça frio, há quem não largue os seus peúgos. Há quem, indo de calçado sem meias, enfie meias para estas aulas. Há mulheres (e homens?) que têm as unhas dos pés pintadas (o que significa que as mostrarão ao mundo) e que calçam meias para o pilates. E serão sempre as mesmas meias, para as três (ou mais?) aulas semanais a que vão? Lavá-las-ão à semana ou quando as meias, por si só, e pelo uso, ganharem forma sozinhas?
E o mais estranho é que as meias que mais usam são as de meia-dose, que ficam abaixo dos tornozelos, geralmente escuras e todas iguais nas suas cores lisas, quer se trate de produtos das lojas chinesas, da marca "low cost" da Decathlon ou com os logótipos das grandes empresas de vestuário desportivo.
Não há, neste desfile de envergonhadas (e de envergonhados), quem exiba meias coloridas, com padrões originais ou com qualquer tipo de merchandising (do cinema de animação e da banda desenhada). Não há qualquer frémito de imaginação, ou de criatividade, que dê origem a uma maior exuberância de ostentação, por contraste com certas aparências mais "produzidas". O que reina é um cinzentismo que não abona a favor da mentalidade de quem, por exemplo, exibe os "leggings" e outras coisas mais sofisticadas... para falhar nos peúgos. Mas, enfim, também já vi praticantes de pijama. Ou, pelo menos, com vestuário parecido com pijamas.
O que se vê é deprimente. Mas o pilates, felizmente, não é.
[Pratico pilates no Balance Club de Caldas da Rainha, incluído na minha prática das várias extensões do fitness. Há aí cinco professores que orientam esta actividade e que é de justiça citar pela qualidade do seu trabalho: além de Vanessa Cordeiro e de Nelson Lopes, João Cordeiro, João Oliveira e Rafaela Paterno.]
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