terça-feira, 28 de setembro de 2021

Ler jornais já não é saber mais (121): pior e mais porco era difícil

O que é que eles negam? O que defendem? O que propõem? Quem são?

Estas quatro perguntas justificariam (com as devidas respostas) uma reportagem sobre o que me parece ser um vasto leque de pessoas que têm em comum a rejeição da grande maioria das medidas sanitárias do actual governo aplicadas ao que foi a pandemia do vírus SARS-CoV-2 e que manifestam publicamente as suas opiniões. 

Não foi isto que fizeram as revistas "Sábado" e "Visão". Os textos que, numa interessante coincidência, publicaram precisamente na mesma semana não são reportagens esclarecedoras. São textos de ódio. Não são manifestações de discordância política. São críticas que amesquinham. Não combatem opiniões, mas as pessoas que as expressam. Às dúvidas públicas, estas publicações contrapõem ataques individuais cheios de insinuações. Erguem as bandeiras de uma ciência oficial e governamental e, na prática, apelam à condenação dos "negacionistas" às chamas purificadoras das fogueiras que já serviram para queimar pessoas e livros. Fazem de conta que não sabem o que disse o director da Polícia Judiciária a um dos seus pares a respeito da segunda figura do Estado e defendem o linchamento de quem ousa criticar.

O director da "Sábado", no seu "editorial", escreve isto: "O fascismo e a máfia é que 'marcam' os seus adversários para os eliminar física e civilmente". Foi precisamente o que fizeram a sua revista e a "Visão"!

O jornalixo está todo aqui. Fazer pior e mais porco há de ser difícil.



Exactamente: "O fascismo e a máfia é que 'marcam' os seus adversários
para os eliminar física e civilmente" (Eduardo Dâmaso, director da "Sábado")


*


Um anónimo (evidentemente...) deixou o seguinte comentário a este post:

ÉS POUCO CHANFRADO DOS CORNOS ÉS !!!! CHALUPA

Adorei ver um post teu a falar dos hereges que nao iam à TV
Iluminados como... Andre Dias... marta gameiro... lourdes cerol ... pedro almeida vieira,etc etc QUE RISADA !!!
O melhor entao foi adicionar Carlos Fiolhais e David Marçal que de chalupas como os antes citados nao têm nada
Marta ? LOL Uma dentista burra que nem um calhau
Lourdes Cerol Bandeira ? LOLOLOL Nao sabe a diferença entre um virus e uma bactéria
Muito mais havia a dizer
MAs o melhor de todos é o informático Andre Dias... esse sim uma referencia
https://www.facebook.com/Josemessiaspagina/videos/425990888682610

Como se pode ler, o nível mental e de literacia de quem defeca um escrito deste, com insultos de recreio do 1.º ciclo do ensino básico, é do mais medíocre que existe. Quem ataca (o verbo "criticar" seria elogioso, por pressupor que existe raciocínio nestas cabeças) os "negacionistas" e defende a ciência oficial não passa disto. Por essas e por outras é que o futuro não é deles.



segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Eleições autárquicas de 2021 (10): uma grande derrota (PSD), uma grande vitória (Vamos Mudar) e pequenos descalabros (BE, CDS, PS e PCP)

Não o esperava, confesso, mas aconteceu: o PSD de Caldas da Rainha foi afastado da presidência da Câmara Municipal e, até, aleluia!, da freguesia onde resido. E foi uma candidatura independente, de um movimento independente, que ganhou: Vamos Mudar.

Foram duas surpresas matinais, porque nem sequer fiquei à espera de saber o resultado de Lisboa. Não acreditava (pelas estranhas sondagens, talvez...) que Carlos Moedas pudesse ganhar. Mas o certo é que ganhou e que o PS saiu muito abalado destas eleições.

Quanto a Caldas da Rainha realmente mudou, politicamente, confirmando-se o que pensava e que aqui escrevi: este PSD, que também sai abalado, estava a afundar o concelho num pântano de sombras, de incompetências diversas e de absoluto desrespeito pelos munícipes, andando, gradualmente, a perder votos de eleição para eleição.

A derrota do PSD, estrondosa, arruma também o presidente derrotado. Espero que Tinta Ferreira, em má hora escolhido como "herdeiro" de um presidente incomparavelmente melhor, Fernando Costa, regresse aos alfobres da burocracia da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, de onde nunca devia ter saído. Há no PSD quem saia incólume do desastre. E quem possa resgatar o partido.

Quanto aos restantes protagonistas, é de assinalar que o BE, o CDS e o PCP perderam a representação que tinham na Assembleia Municipal. Não eram alternativas, realmente. O PS também se desmoronou e o Chega, como na maior parte dos concelhos, foi prejudicado pela falta de figuras com notoriedade e de objectivos programáticos. Mas não desapareceu do mapa. 

Espero, agora, naturalmente, que o novo presidente da Câmara Municipal, Vítor Marques, seja capaz de impulsionar uma mudança mais profunda no concelho. Merecemo-la todos.

Os pormenores estão aqui e de fonte oficial (MAI).





Quanto às freguesias, o PSD ganhou 9 das 12 freguesias. Mas o VM ganhou as duas grandes freguesias urbanas, que tinham "engolido" algumas freguesias rurais. É graças a isso que a martirizada freguesia da Serra do Bouro se vê livre do PSD. Prejudicada pelo acasalamento estúpido de freguesias, a Serra do Bouro teve agora direito a um bónus, à boleia da vitória urbana do Vamos Mudar. Já tardava.

Os pormenores podem ser lidos aqui.

*

Em tempo: é curioso revisitar agora as páginas do Facebook de Tinta Ferreira, Álvaro Baltazar e Sónia Casimiro. O tom de bazófia que delas transborda, sobretudo em contraste com o resultado das eleições, é de loucos.

domingo, 26 de setembro de 2021

Pensem bem...

 













Impunidade

 


Nesta parte da rua Manuel Mafra, em Caldas da Rainha, só é permitido estacionar em cima do passeio para "cargas e descargas". 

Mas um dos carros da candidatura do presidente da Câmara Municipal está aqui estacionado.

Como é que é possível classificar isto sem se ser directamente ofensivo?...


sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Eleições autárquicas de 2021 (9): "Vamos mudar"? Espero que sim, mas...

 


Votar, em democracia, é um direito e não uma obrigação. Tal como a abstenção, ou, melhor dito, o não-voto. Quem, em eleições, não se reconhece num determinado projecto ou candidatura eleitoral tem o direito inalienável de não votar. 

O voto em branco ou nulo é uma idiotia. Não servem para nada. Influenciam, sem servirem para nada, os números finais. E não são à prova de falsificação.

Gostaria, nestas eleições municipais em Caldas da Rainha, de poder abster-me sem problemas de consciência. Não sei, verdadeiramente, quem são os candidatos, o que pensam, o que propõem. Procurei encontrar programas e o único (legível!) que encontrei foi o da candidatura Vamos Mudar. Não me entusiasmou. Mas mostra que os candidatos deste projecto têm algumas ideias para o concelho (para as freguesias rurais é que não me pareceu).

Por outro lado, parece-me que esta é a única candidatura capaz de fazer mossa na candidatura do PSD. E esse -- contrariar a hegemonia do nocivo PSD de Caldas da Rainha neste concelho -- é um dos aspectos que valorizo. Este PSD, este presidente de câmara e a camarilha que o rodeia são o maior entrave ao progresso do concelho. Os seus membros não agem pelo concelho mas por eles. E devem ser corridos da Câmara Municipal, da Assembleia Municipal e das Juntas de Freguesia.

Desejando poder abster-me, sei que com isso estaria, objectivamente, a favorecer o PSD de Caldas da Rainha. Por isso, não, vou votar.

Embora tenha vindo a perder votos, gradualmente, o PSD tem ainda uma vantagem numérica muito grande e é possível que a candidatura Vamos Mudar não consiga destronar o actual dono da Câmara Municipal. Mas não há como tentar... sem desistir!

É por isso que, nestas eleições, vou votar na candidatura Vamos Mudar para a Câmara Municipal e Assembleia Municipal de Caldas da Rainha e a para a União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro. 

Espero que alguma coisa possa mudar. Ou começar a mudar, pelo menos.


quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Eleições autárquicas de 2021 (8): quem vê caras não vê corações... nem programas nem intenções

 As eleições autárquicas estão transformadas em concursos horrendos de beleza.

Não há programas. Não chegam, em papel, aos eleitores como antes chegavam. É preciso quase contratar um detective para encontrar alguns deles on line. 

O que nos propõem são caras penduradas por aí ou em grandes cartazes esteticamente absurdos e slogans que se confundem uns com os outros. Aparentemente, devemos todos conhecer os candidatos. Mas só os principais porque os outros nem aparecem.

E podem ser todos excelentes pessoas, com atributos pessoais refinadíssimos, mas... se forem eleitos, vão fazer o quê? E a favor de quem?

Estas eleições, onde me parece que ninguém se preocupou muito com os programas (que já deviam existir há meses!), são as mais estúpidas que já vi.

Cenas da vida covidiana VII

 






quarta-feira, 22 de setembro de 2021

"O Século das Pandemias": uma obra essencial




Querem saber como nascem, como se desenvolvem e morrem, de várias mortes, as pandemias?

Querem saber aquilo que não sabem os "especialistas" da treta e os políticos cobardes que criaram uma das maiores crises sanitárias e económicas do nosso tempo?

Leiam este livro ("O Século das Pandemias", que eu traduzi para a Vogais/20|20, aprendendo muito), que começa na Gripe Espanhola (e percebe-se de imediato que comparar a Gripe Espanhola com a covid-19 é, no mínimo, estúpido) e vai até ao período inicial da covid-19, examinando as principais pandemias por que passámos. Está lá tudo, e bem escrito.

Ah... e o autor nem pode ser acusado de ser "negacionista" e até critica Trump!...

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Ler jornais já não é saber mais (120): jornalistas, salvo erro...

 

Eleições autárquicas de 2021 (7): votar contra o PS e contra o PSD

O PS merece ser castigado, politicamente, nas eleições deste domingo e é escusado alguém invocar que as eleições são locais. Os resultados são interpretados em número de votos adquiridos, de câmaras municipais e perdidas. E foi o próprio primeiro-ministro que, na sua digressão nacional feita de demagogia, promessas de dinheiro e proclamações populistas, transformou estas eleições em eleições nacionais.


Quem não gosta da maneira como este governo geriu a crise sanitária, dos "cavaleiros do Apocalipse" que os governantes cobardes atiraram para as televisões para se resguardarem, da compra e da manipulação da comunicação socia, das restrições dos direitos e liberdades constitucionais do autoritarismo nacional-socialista desta gente, do esbulho fiscal, de como eles se apropriaram do dinheiro de todos (dos nossos impostos aos dinheiros europeus), do "politicamente correcto" em que chafurdam NÃO pode votar no PS. E deve votar, seja lá em quem for, CONTRA o PS.

Contra o PS e o PSD, também.

A nível nacional, o PSD deve ser derrotado. E deve ser derrotado para sobreviver. Para que o seu presidente desista e se vá embora. O PSD é um partido indispensável à construção de uma alternativa democrática à deriva autoritária em que caímos. Mas não desta maneira. A sua derrota pode abrir outras perspetivas à democracia.

E, a nível local, também preciso votar contra o PSD de Caldas da Rainha. É o partido responsável pelo estado generalizado de incúria, de incompetência e de desprezo pelos contribuintes em que caímos. E pelo sistema de obras públicas, que só satisfazem interesses privados, que transpira suspeitas por todos os poros.




Esta imagem, de uma ruptura na rede pública de abastecimento de água que é bem visível (e que se mantém há semanas), caracteriza o que tem sido a actuação deste PSD, deste presidente de câmara municipal e de quem se lhe associou à espera de comer algumas migalhas, uns, e de participar no banquete, outros.

Nestas eleições, há em Caldas da Rainha três outras candidaturas do campo democrático que são alternativas credíveis ao PSD. Que, note-se, tem estado a perder votos nos últimos anos. É nelas que os eleitores inteligentes do PSD devem pôr os seus votos. Em qualquer uma delas.

Pode acontecer que o PSD não seja derrotado, eleitoralmente, a ponto de perder a Câmara Municipal de Caldas da Rainha, mas é essencial que continue a perder votos. Para ver se aprende, quanto mais não seja.




segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Bardamerda!

Esta gente insiste. 

E por mais "infra" e "supra" e "submissão do questionário" e "governanças" que derramem, numa insistência despropositada e malcriada, a única coisa que conseguem é irritar-me. Visto que não há endereço de e-mail para onde se possa responder (o que também é de assinalável falta de educação), fica o meu contra-convite à medida: vão bardamerda!


PDG Nuno Estanqueiro Dias noreply@qemailserver.com Unsubscribe

12:25 AM (6 hours ago)
to me

Exm@s. Senhores(as)

No contexto da investigação que nos encontramos a desenvolver sobre a relação dos "Sistemas de Controlo de Gestão e da Governança com a Criatividade e a Inovação em Organizações Culturais e Criativas", cujo pedido de participação efetuámos pelo email infra, vimos reiterar o preenchimento do questionário que se encontra disponível no seguinte endereço, já anteriormente indicado, sendo o Vosso contributo fundamental para o sucesso deste estudo:
 http://teclisboa.co1.qualtrics.com/jfe/form/SV_eJTcGEbD4M9Zumi

Caso tenham já procedido à submissão deste questionário, ou por alguma razão declinado a Vossa participação, pedimos que ignorem esta recordatória.

A tod@s agradecemos a preciosa colaboração.

Com os melhores cumprimentos
Nuno Estanqueiro Dias

___________________________

Exmos. Senhores

No âmbito da Tese de Doutoramento em Gestão que o doutorando Nuno Estanqueiro Dias encontra-se a desenvolver no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa, sob a orientação do Prof. Doutor Tiago Cruz Gonçalves, vimos solicitar a sua importante colaboração no preenchimento de um questionário, através do link infra, pela qual se pretende obter um conjunto de dados relevantes que contribua para suportar a investigação em causa, que pretende estudar a relação dos Sistemas de Controlo de Gestão e da Governança com a Criatividade e a Inovação em Organizações Culturais e Criativas.


Os dados recolhidos são de carácter confidencial, pelo que a sua organização não será em nenhum momento identificada, sendo estes dados utilizados exclusivamente para fins académicos, tratados no conjunto das organizações objeto de análise nesta investigação, e por conseguinte, não serão dirigidos para qualquer outro propósito após a conclusão do estudo.

Agradecendo, antecipadamente, a sua relevante colaboração, subscrevo-me,

Com os melhores cumprimentos,
Nuno Estanqueiro Dias

Contacto Telefónico: 965560849

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http://teclisboa.co1.qualtrics.com/jfe/form/SV_eJTcGEbD4M9Zumi
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quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Os "negacionistas" são eles

Ao negarem o conceito de imunidade de grupo (que explica parte da capacidade humana de sobreviver ao longo de milhares de anos a tantas doenças infecciosas), os "especialistas" e os "peritos" da treta é que são os verdadeiros negacionistas.

Negam a ciência, negam a História, negam o passado da humanidade.

À investigação e à análise científicas preferem o vedetismo alimentado por uma imprensa que, negando o seu próprio património histórico de racionalidade, de cultura e de progresso intelectual, é igualmente negacionista.

domingo, 12 de setembro de 2021

Eleições autárquicas de 2021 (6): o "dono disto tudo" da Serra do Bouro


O advogado Álvaro Baltasar Jerónimo foi presidente da Junta de Freguesia da Serra do Bouro (Caldas da Rainha) até ao limite do número de mandatos. 

Foi, ao mesmo tempo, representante das duas empresas que iriam investir no mirífico projecto turístico do Plano de Pormenor da Estrada Atlântica, empreendimento fantasma que poderia exigir expropriações de terrenos de residentes da Serra do Bouro.

Sem nunca ter voltado a ser candidato, Jerónimo não entrega a mãos alheias o controlo da agora união de freguesias que integra a Serra do Bouro e, como já aconteceu com o presidente cessante, que acabou por desistir depois de alguns percalços no seu mandato, aparece mais uma vez como uma verdadeira eminência parda. 

Na actual candidatura lá está ele... como esteve na anterior.

Mas em segundo plano, sem se comprometer directamente, como se fosse uma espécie de presidente de junta-sombra para a Serra do Bouro, deixando ao tutelado ou à tutelada a outra parte da freguesia (a dominante Santo Onofre). Enfim, abrir mão do seu feudo é que não.



Manda quem pode, obedece quem deve?


Mas é exactamente o seu estatuto de eminência parda que faz com que seja mais estranho, e mais escandaloso, o estado de degradação e negligência em que mergulhou a Serra do Bouro e que eu aqui tenho denunciado.

Como é que é possível que este homem, uma espécie de "dono disto tudo" da Serra do Bouro, que decerto conhece ao pormenor, tenha deixado que as coisas chegassem a este ponto?
 




















Incompetência, incúria e desprezo pelos contribuintes na Serra do Bouro

Álvaro Baltasar Jerónimo podia ter evitado tudo isto.


Cenas da vida covidiana VI

 

(Autoria desconhecida)





A diva entrevista o divo, ambos sem máscara, o operador de câmara, mais distante, já usa máscara.
Isto é ridículo.





sexta-feira, 10 de setembro de 2021

EDP/e-Redes - A Crónica das Trevas (90): agora é todos os dias!

Ontem, quinta-feira, por volta das 4h30. Hoje, sexta-feira, às 7h22.

É certo que são breves estes apagões, mas não se compreende que isto aconteça. E agora todos os dias.




quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Um cão preso

 


O cão que está a ladrar, neste brevíssimo vídeo, está escondido da vista há cerca de mês e meio. Não sei se está acorrentado ou apenas preso num espaço do qual não consegue sair. E ladra, às vezes. Em tom de desespero.

Dei por ele, meses antes, porque ladrava. Era um cão muito jovem, que não parecia ser exactamente um rafeiro, largado no pátio desta mesma casa onde é cultivado um estranhíssimo interesse pelos animais, que não deve passar da mais estúpida convicção que tenho visto nestas paragens: um cão, pequeno ou grande, solto ou livre, é suficiente para afastar os ladrões. É uma daquelas situações de espelho: quem faz isto pensa que os ladrões são todos estúpidos como ele.

O cão começou por ladrar, de medo, a pedir a atenção das pessoas. Esforçava-se tudo por chegar às pessoas que espreitavam pelo portão para lhes lamber os dedos. Um dia, o casal de ignóbeis criaturas que faz não sei o quê nesta casa, deixou-o escapar-se. O cão andou a explorar os arredores até se cansar. Achei que era melhor levá-lo para "casa" e pus-lhe uma trela. Não se opôs... mas depois esforçou-se por se libertar. Não tinha qualquer experiência de passear à trela. Levei-o ao colo e ele ficou deliciado.

Noutro dia, ficou preso por uma perna numa rede que quis trepar dentro do pátio. Ladrava e gemia desesperadamente. Foi necessária a intervenção da GNR. Felizmente não ficou magoado.

Agora está preso. Pode ser que um dia ele consiga fugir.

Pode ser que, um dia, eu volte a acreditar que o SEPNA da GNR serve para alguma coisa e faça a respectiva denúncia. 

Ou pode ser que, um dia, o IRA possa intervir por estas bandas.



segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Com um ano de atraso: as minhas dúvidas tinham razão de ser

 


Em cima: a carta que hoje recebi da Câmara Municipal de Caldas da Rainha;
em baixo: a construção ilegal.

Em 2 de Outubro de 2020 fiz quatro perguntas ao Departamento de Obras Particulares da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, invocando o n.º 4 do art.º 65.º da Constituição da Republica Portuguesa e o art.º 4.º da Lei n.º 43/90 de 10/08 na sua actual redacção e ainda os artigos 161.º a 165.º do Código do Procedimento Administrativo.

As perguntas foram estas:

1 - A construção em madeira que está a ser erguida no topo de um cabeço na Rua Maria Matos no Cabeço da Vela, Serra do Bouro, encontra-se licenciada? Não se vê o habitual aviso no local.
2 - Qual o fim a que se destina a citada construção, já que não existem ligações à rede de abastecimento de água e de esgotos e à rede eléctrica?
3 - Se a construção está licenciada, foi tida em consideração a sua proximidade relativamente à zona florestal da Serra do Bouro e a sua potencial exposição aumentada a risco de incêndio (tendo presente, por exemplo, o incêndio ocorrido em 17 de Outubro de 2017)?
4 - Foi tido em consideração o choque visual e estético que, representa relativamente ao enquadramento paisagístico da zona onde, salvo erro, nem sequer é permitido construir de raiz?

Não tive resposta.

E em Junho deste ano fiz o que já tinha feito uma vez (e que dera resultado): queixei-me à Provedoria de Justiça que a Câmara Municipal não me respondia. 

E hoje recebi, graças à minha queixa, a carta (que reproduzo). 

Nisto tudo, e para lá do acto em si (a construção era ilegal e foi embargada, a respectiva promotora foi objecto de contraordenação e não há nenhum processo de legalização em curso), há um elemento iniludível.

Fiz a participação no dia 2 de Outubro, a obra foi embargada em 19 de Outubro, quem tinha de ser notificado (promotora da construção e empresa construtora) foi notificado em 21 de Outubro. Eu, tendo feito feito o meu pedido de esclarecimento, devia ter sido informado mas .. não fui. 

Portanto, o que escrevi sobre este assunto(e que aqui pode ser lido, e sem nenhuma alteração) podia ter incluído, a seu tempo, a informação que só, praticamente, um ano depois me foi dada.

Há, nesta gente, uma cultura absolutamente perniciosa de impunidade e de desprezo para com os cidadãos que, convém não esquecer, são quem lhes paga os salários. Não percebem que têm de responder quando nós lhes fazemos uma pergunta. 


*

E, entretanto, há outra questão que se põe: e aquilo, o barracão, continua onde está? Estará a promotora à espera de nova oportunidade? Ou desinteressou-se? Talvez a madeira se vá desfazendo. Talvez a vegetação acabe por engoli-la. Ou que haja algum incêndio que a destrua?

É, para todos os efeitos, mais uma mancha infame numa paisagem que os poderes públicos sempre têm desprezado.