Deparei-me ontem de manhã, no "Observador", com uma notícia de 673 palavras com o título "Presidente da República condena 'lamentável notícia' da Lusa e regista 'imediato pedido de desculpas' da agência".
Como o leitor
poderá verificar (o link é este), a notícia é um feito extraordinário: não diz
qual foi o objecto da "condenação" presidencial, e de mais um sortido
de personagens que também são citadas no texto. É estranho que um órgão de
informação esconda assim a matéria da notícia, mas devo pensar que é assim que
agora deve ser.
Falhada a
informação, pus-me à procura de elementos e fui ter ao jornal regional
"Notícias da Maia" (aqui), onde finalmente me elucidei. Fiquei então
a saber que numa notícia da agência Lusa, de 13 deste mês, o nome de uma
deputada do PS aparece com "Preta" entre parênteses e que foi esse o
motivo para a vaga de indignação que juntou uma legião de impolutas e
anti-racistas criaturas, a quem só faltou a exigir a cabeça do criminoso que,
nos alfobres da Lusa, "insultara" a deputada. (Estranhamente, a
indignação presidencial não foi espevitada pelo facto de um secretário de
Estado dizer que um programa de informação é "estrume", ou seja,
merda.)
E se o putativo
criminoso ainda tem a cabeça sobre os ombros, vai ser por pouco tempo, que na
agência foram rápidos a mover-lhe um processo de averiguações. E com segundas
intenções: apesar de o jornalista ser "de esquerda", como já me
disseram, é quem acompanha mais de perto o Chega!. Portanto, a coisa foi
claramente intencional. Só podia, não é?
Só que não terá
sido esse o caso. O problema, também me disseram, terá resultado de um
apontamento pessoal que não foi corrigido na notícia definitiva. Acontece a
todos, e às vezes da pior maneira.
No meio deste
verdadeiro circo, ficam ocultas outras figuras tristes que deviam fazer moderar
o tom desproporcionadamente agressivo das notícias idiotas sobre as reacções
idiotas.
O "Observador" e o "Expresso", que pretendem ser modelos de jornalismo impoluto e rigoroso, replicaram o erro da maneira mais acéfala e mais acrítica e só mais tarde o corrigiram.
E o que publicaram foi isto:
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