sexta-feira, 3 de abril de 2020

"Oz"









"Os Sopranos" (1999)? "Sete Palmos de Terra" (2001)? "The Wire" (2002)? "Roma" (2004)? Não. 
Onde, verdadeiramente, a televisão contemporânea começou, na HBO, foi em "Oz".
Esta série começou a ser exibida em 1997 e prolongou-se por seis temporadas, terminando em Fevereiro de 2003 com o seu 56.º episódio. 
É uma espécie de "memórias do cárcere" numa prisão de uma localidade chamada Oswald (daí Oz), com uma zona especial, designada por "Cidade Esmeralda" que parece ter sido concebida como uma qualquer experiência de reinserção social. A narrativa, que é pontuada por uma intervenção de um reclusos, como o coro de uma tragédia grega, destinada aos espectadores, é violenta, crua, visualmente bastante explícita, às vezes desconchavada. 
É também uma preciosidade (disponível na HBO). Está muito marcada pela estética cinematográfica dos anos noventa. Tem pontos de contacto com o telefilme "The Glass House" ("Homens sem Amanhã", 1972, exibido em cinema em Portugal e tendo Truman Capote como co-autor do argumento), e também com as séries "Prison Break" (2005) e "Orange is the New Black" (2013) e uma relação curiosa com "The Wire".
Aliás, Tom Fontana e David Simon, os criadores, respectivamente, de "Oz" e de "The Wire" cruzaram-se na série "Homicide: Life on the Streets" (1993 - 1999) como guionistas e há uma grande quantidade de actores de "Oz" que aparecem depois em "The Wire". Na pesquisa que fiz sobre "Oz" encontrei uma observação sugestiva: "Oz" é "The Wire" dentro de uma penitenciária. Parece, realmente.
Tom Fontana não tem, no seu currículo, nada de tão interessante como "Oz" depois desta série. É mais um caso, porque, às vezes, os criadores de grandes séries que podem ser, justamente, consideradas obras-primas, acabam por não conseguir fazer melhor, ou igual.
Apesar dos quase vinte anos que passaram sobre "Oz", a série mantém todo o seu interesse e, no seu imenso painel de actores, destaca-se J. K. Simmons, um "secundário" notável que, literalmente, domina a cena… até encontrar um desfecho inesperado numa representação de "Macbeth".

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