O jornalista Carlos Cipriano é director adjunto da "Gazeta das Caldas", correspondente e colaborador do "Público", especialista em assuntos ferroviários (sobretudo no que se refere à quase extinta Linha do Oeste) e politicamente fanático.
Da "esquerda", claro. E não perde a ocasião de o afirmar, mesmo que isso seja mau para o jornalismo.
É dele, tanto quanto me parece, uma série de "retratos" ("Histórias da Emigração") que a "Gazeta" tem estado a publicar sobre naturais do concelho de Caldas da Rainha que emigraram e regressaram. É uma ideia interessante e tem sido bem concretizada. Mas o pior é o resto.
Na semana passada, coube a vez a Joaquim Bernardo Coito, proprietário do simpático restaurante "A Lareira". No seu relato, o antigo emigrante refere-se ao trabalho que fez num navio da extinta empresa americana United Fruit Company. E, pelo meio, Carlos Cipriano mete a sua colherada: o entrevistado "embarca num navio da United Fruit Company, uma empresa norte-americana de produção e comércio de frutas tropicais, com sede em Nova Orleães, e que tem um historial vergonhoso de repressão e conspiração em países da Europa Central".
E tem. Ou melhor: teve, porque a empresa fechou em 1970.
Só que isto não se faz. Numa entrevista, em discurso directo ou indirecto, a palavra é do entrevistado. O entrevistador pode abordar qualquer tema que ache relevante, claro, mas é para saber a opinião do entrevistado. O resultado publicado não sugere que tenha sido esse o caso.
Não havia necessidade…
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