domingo, 19 de maio de 2019

Escolhas muito limitadas


A casta Touriga Nacional, hoje presente em vinhos tintos de numerosas regiões portuguesas, tem a sua máxima expressão nos vinhos do Dão, onde é considerada, e com razão, "casta-rainha". Sozinha ou em harmonia com outras castas, dá origem a vinhos soberbos.
É interessante comparar o resultado da sua aplicação no Dão com o resultado noutras regiões. Mas… à molhada? E de forma que deixa fundadas suspeitas?
Uma publicação mensal que só se justifica mencionar em apontamento negativo fez, ou tentou fazer, essa comparação e da pior maneira.
Por um lado, meteu todos os vinhos citados no mesmo saco. Do Alentejo ao Douro, passando pelo Dão, entram na mesma abordagem comparativa todos eles. 
É um erro de amador. 
Seria muito mais adequado comparar estes vinhos por região. A Touriga Nacional expressa-se de uma maneira no Dão, de outra no Douro (em posição relativamente secundária), de outra no Alentejo (onde se perde), de outra ainda nos vinhos do Noroeste de Lisboa (onde, às vezes, os valoriza decididamente).
Depois, é estranho não encontrar na lista alguns vinhos que são, no mínimo, incontornáveis. E há alguns do Dão que não figuram na lista. 
A ausência mais escandalosa é o magnífico Touriga Nacional de 2010 da Quinta da Fata (Vilar Seco, Nelas) que foi justamente saudado quando, sujeito a um estágio mais prolongado, apareceu há um ano no mercado com a designação de "Conde de Vilar Seco"... e que já se esgotou. E é apenas um exemplo. 
A impressão que deixa esta limitada escolha de vinhos da dita publicação é a de que não houve procura. 
E, não tendo procurado, fizeram como?... Pedindo às empresas as garrafas grátis, suspeita reforçada pelo facto de figurarem na lista "clientes" habituais da revista. E quem enviou a garrafita é premiado com a referência. Quem não enviou, é excluído. É uma tradição já vem de trás.
Tudo isto, olhando para o valor facial da coisa, transforma as "grandes escolhas" da revista em escolhas muito limitadas.



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