quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Ler jornais já não é saber mais (43): a amante por conta


Titula o "Público" (a propósito da tomada de posse do novo presidente brasileiro): "A ultradireita chegou ao Planalto".
O uso da palavra "ultradireita" em quase manchete e sem explicações, que talvez existam na edição em papel ou mesmo no respectivo site, suscita-me alguma curiosidade. Mas a opção vagamente ideológica do "Público" e a sua alegre militância política dissuadem-me de procurar uma explicação: calculo o que seja ("ultra" é pior do que "extrema", etc.) e escasseia-me o tempo para coisas mais importantes. 
Portanto, ficamos assim, no chavão, no vagido radical, no pronunciamento rebelde que no dia seguinte já se esqueceu e sem um pingo de má consciência pela preferência dada logo na primeira linha à opinião, em vez da informação.
O "Público" da Sonae, herdeiro legítimo (como outros, ocasionalmente) de "o diário" que alguns lá dentro hão de ter vituperado, faz lembrar aquelas senhoras, em geral educadas, mantidas por conta pelos capitães da indústria, cavalheiros bem casados mas com amantes fixas para as respectivas "mudas de óleo". 
É chique, é um poucochinho irreverente, dá prazer pela ousadia, ajeitam-se bem nas contas, sentem-se bem de pernas abertas e depois vai cada um à sua vida, mas tendo elas sempre elas o dono fixo que lhes dá de comer.
Não se costuma dizer que cada um é para o que nasce?

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