Este jornalismo de não sei-quantos-por dia, do cada-vez-mais, do "nunca" isto ou aquilo e do "dispara", é uma fronteira entre o jornalismo digno e o jornalismo do desespero e tende agora a generalizar-se nos jornais que antes de reclamavam "de referência".
O primeiro dá a notícia, não a grita. Fornece uma explicação, resumida, por si ou pela boca de alguém, para o que contém a notícia. Atém-se aos factos, não os generaliza.
O segundo é o jornalismo dos profissionais que não o conseguem ser, porque ninguém os ensinou a serem, na prática, porque transformam a conversa de café em título de notícia (?), porque vão pelo impressionismo dos números. E quem o faz, ou consente, até pensa, em desespero de causa, que os jornais ainda terão público que os compre por estes títulos de um sensacionalismo tonto.
Mas não têm. Nem é isto que vende jornais.
A proliferação do jornalismo estatístico traz consigo um cheiro a morte - a morte do jornalismo enquanto tal.
E eu sei que há uma geração que o percebe mas que se afunda progressivamente na sua desgraçada impotência.
[Os títulos reproduzidos são todos de primeiras páginas, sendo alguns deles manchetes. Se fossem contabilizados todos os títulos de simples notícias, o número seria monstruoso.]
[Os títulos reproduzidos são todos de primeiras páginas, sendo alguns deles manchetes. Se fossem contabilizados todos os títulos de simples notícias, o número seria monstruoso.]
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