domingo, 6 de janeiro de 2019

Vida de cão



Agora, quando cai a noite e o frio aumenta, a E. mete-se em casa. 
É, desde que veio para nossa casa, um cão de casa. E é onde tem as suas duas camas (uma para durante o dia, na sala, e outra para a noite).
Filha legítima de uma raça aperfeiçoada de cães de guarda, de defesa e de pastoreio com grande autonomia e resistência suficiente para viverem nas estepes, a dos cães-castores da Anatólia, a E. é, como se costuma dizer, um "cão de trabalho". 
À noite, porém, este molosso de quase quarenta quilos de osso e músculo põe de lado as suas veleidades de cão de guarda, da propriedade e da família (e da sua mana adoptiva J.), e como que hiberna. Comeu a sua segunda refeição do dia, andou a passear, ladrou o que queria e agora fecha-se ao mundo. Até amanhã. 
Já a J., que gosta mais de estar dentro de casa, fica acordada até mais tarde, à espera da última migalha, mais "gourmet" e mais atenta do que a E. Mas depois também se fecha ao mundo. 
Não é vida de cão, a delas. A minha é que é, que trato das duas manas e o melhor que é possível, com dois passeios diários e o mais que lhes faz falta. A vida delas, sempre curta, é esta e só podemos ficar satisfeitos quando as vemos assim, descontraídas e descansadas, a sonharem sabe-se lá com que paraísos caninos. Sem muitos gatos, claro, porque os seus sonos são invariavelmente calmos.



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