segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Um "Titanic" televisivo: "Penny Dreadful"

O começo




"Penny Dreadful" começou bem.
Num ambiente escuro de uma Londres visualmente assustadora, entravam em cena um explorador intrépido (Sir Malcolm Murray, interpretado pelo ex-007 Timothy Dalton), uma mulher capaz de comunicar com o mundo da magia e do sobrenatural e de origens obscuras (Vanessa Ives, Eva Green), um lobisomem promissor (Ethan Chandler, Josh Hartnett) e, ao longo dos vários episódios, o Dr. Victor Frankenstein, o Dr. Henry Jeckyll, Van Helsing, Dorian Grey e... Drácula.
"Penny Dreadful" tinha todas as condições para sair bem: a mistura inteligente de várias fontes literárias, uma boa capacidade inicial de articular as narrativas e o recurso a material próprio (como toda a narrativa da segunda temporada, encabeçada por Helen McCrory (perfeita em "Peaky Blinders").
Mas isto foi apenas nas primeira e segunda temporadas.
A terceira começou bem e depois... afundou-se. As linhas narrativas confundiram-se e perderam força, os elementos ficcionais mais fortes foram desperdiçados e Drácula, finalmente, não passou de uma caricatura.
Não se percebe, neste caso, se o desastre da terceira temporada, por decisão do criador de "Penny Dreadful", o argumentista John Logan, nasceu do cancelamento da série ou se suscitou esse mesmo cancelamento. Mas pouco interessa. "Penny Dreadful" afundou-se irremediavelmente, desperdiçando boas ideias, boas histórias já publicadas, actores de qualidade e tudo aquilo que, como estrutura narrativa, fora construindo. Foi uma espécie de "Titanic" televisivo. E foi pena que assim acontecesse.


O fim: nunca mais veremos o "Lupus Dei", os demónios de Vanessa Ives, um monstros de Frankenstein e o explorador inspirado em Júlio Verne e H. Rider Haggard...




(Vi "Penny Dreadful" no canal de televisão por cabo TV Séries.)

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