Um supermercado do socialismo venezuelano |
Os “produtores de leite e de carne” estão “em luta”, fizeram uma marcha lenta, ofereceram bifes (pareceu-me que de porco) aos repórteres, querem que lhes seja dado mais dinheiro pelos seus produtos senão "fecham a porta”.
Os telejornais mostram e não explicam. Ao fundo vêem-se as bandeiras, irrepreensíveis de produção, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). O Governo anuncia “medidas de apoio”.
A “luta” dos “produtores” é incompreensível. Quem vai aos supermercados ou aos talhos não a percebe. O consumidor tem de olhar aos preços e escolher o que lhe parece mais adequado (ou, na pior das hipóteses, mesmo na nova “austeridade” da esquerda, comprar o mais baratinho que puder).
Ontem, um dos “produtores” (e foi o único, nesta série recorrente de “luta”) dizia que a carne lhes era para muito por baixo e que depois custava 10€ por quilo na venda ao público. E que carne? Nunca vi nos supermercados carne de porco acima dos 7€. Ou seria a de vaca? Infelizmente, não se sabe.
Aparentemente, o arqui-inimigo dos “produtores” é constituído pelos supermercados. Terão razão? Só se pode especular porque não temos, nem teremos, os dados todos. Os “produtores” querem ganhar mais dinheiro, os consumidores querem gastar menos dinheiro. São as leis do mercado e da concorrência a funcionar em democracia.
A “luta” dos “produtores” é dirigida pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura), organização criada nos anos 80 pelo PCP como contraponto à então medonha CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal). A sua intervenção, neste caso, parece ser mais uma forma, mansinha e manhosa, de o PCP procurar ganhos extraordinários para um sector para garantir votos. Tem sido a lógica deste governo do PS, do PCP e do BE.
No mesmo dia da “luta”, o Governo anuncia “medidas de apoio”. Algumas (tipo “31 de boca”) parecem ter a ver com disposições comunitárias. As outras têm a ver com o Orçamento de Estado e com aquilo que é cobrado aos contribuintes para suportar os favores sectoriais. Ou seja, não querem comprar a carne e o leite mais caros? Então, paguem mais impostos.
Um destes dias, o PCP ainda vai exigir a nacionalização dos supermercados para resolver os problemas do mercado. Se não for o BE, que nisto anda a apanhar bonés, a fazê-lo antes. E o Governo é bem capaz de lhes dizer que sim.
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