"Papalagui", atribuído ao chefe samoano Tuaivii de Tiavéa, é um livro famoso, acarinhado por ecologistas, "hippies" e defensores de formas alternativas de vida que se identificam, no todo ou em parte, com as extensas e pormenorizadas críticas feitas pelo autor a muitos aspectos da vida ocidental.
A data oficial (e socorremo-nos aqui da edição portuguesa disponível, da Editorial Presença) da primeira edição na Alemanha é 1920 e é como tradutor e seu promotor que aparece o alemão Erich Scheuermann, pintor, escritor, estudioso de psicologa, professor e sacerdote. Esteve em Samoa em 1914, regressou à Alemanha em 1918 e viveu até aos 79 anos, em 1957. E terá, a certa altura, defendido os ideais do nacional-socialismo.
Há quem defenda, apresentando uma boa colecção de fundamentos, que "Papalagui" é integralmente de Scheuermann, que recorreu a um ponto de vista externo (do "bom selvagem" samoano) para criticar tudo, do progresso social aos piores hábitos da vida ocidental. Uma leitura mais atenta do "Papalagui" sugere-o com toda a clareza. E não vem daí mal ao mundo, porque foram muitos os autores a recorrer a artifícios semelhantes para a crítica social e política. E "Papalagui" não é bem pior nem melhor do que outras obras, mais ou menos panfletárias, do género.
O que já não parece tão bem é que a editora não o indique.
E, muito menos, que não haja essa referência no Plano Nacional de Leitura. Por dirigista que seja, o que até parece estar a ser difícil porque muitos títulos acabam por desaparecer do mercado sem regressarem e ninguém dar por isso, o Plano Nacional de Leitura devia ser rigoroso.
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