sábado, 7 de junho de 2025

3 erros, 1 facto grave e 1 desastre



Marcelo Rebelo de Sousa, o idoso de 77 anos que exerce a função de Presidente da República, fez três coisas que são, pelo menos, erros (que uma pessoa com a sua experiência devia ter evitado) no confronto com uma activista pró-Palestina na Feira do Livro de Lisboa.

O primeiro erro - No confronto inicial, o Presidente da República agarrou-se aos ombros da activista e, de boca aberta, foi olhando para todos os lados enquanto ela falava para as câmaras de televisão. Mas o Presidente da República sabe bem, e talvez ainda se lembre desse pormenor básico, que as câmaras de televisão querem as palavras dele e que a primazia seria dada ao que dissesse. Devia ter deixado a activista falar livremente, mantido alguma distância física e esperado pela sua vez para falar. Não o fez e errou.

O segundo erro - Largando-a, por instantes, o Presidente da República também lhe ia deitando olhares condescendentes enquanto ela falava, parecendo dividido entre a tentativa de a contrariar e a vantagem de se alhear. Mas não se conteve e, sem qualquer racionalidade, agarrou-a outra vez. Não começou apenas a limitar-lhe os movimentos, estabelecendo mesmo um contacto directo de pele com pele e da pior maneira possível: são as mãos de um homem a agarrarem o pescoço nu de uma mulher, a ponto de ela ter de pedir-lhe para não a agarrar pelo pescoço. É impossível prever como é que a situação poderia ter evoluído. Foi o seu segundo erro.

O terceiro erro - Poucas pessoas hão de ter compreendido o teor do esclarecimento que o Presidente da República deu, depois de largar o pescoço da activista. Visivelmente incomodado, usou um tom entediado, de professor aborrecido com os alunos, para dizer à imprensa o que devia ter dito, à distância de metro, retirando protagonismo à sua adversária e, sobretudo, sem estabelecer contacto físico. Foi o seu terceiro erro.

O facto grave - O comportamento do septuagenário, nesta circunstância, dificilmente pode ser visto como o de uma pessoa na plena posse das suas faculdades mentais, capaz de se controlar e de se relacionar na via pública com pessoas que não conhece e que o desafiam nas suas convicções. Se os erros de comunicação são questões políticas, o modo como quis atropelar a intervenção da activista e lhe pôs as mãos numa zona mais íntima (o pescoço) suscita questões de outra natureza: Marcelo Rebelo de Sousa estará doente? E estará capaz de exercer as suas funções de Presidente da República?

O desastre - A imprensa nacional ignorou esta manifestação estranha do Presidente da República. Subserviente e tolhida pelo temor reverencial perante quem manda, noticiou rapidamente o episódio e remeteu-o para a normalidade da vida pública. Já não tem autonomia, capacidade de intervenção ou de análise ou de questionar os poderes públicos por sua iniciativa. É um verdadeiro desastre.



(Imagem de fonte aberta de acesso público.)



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