sábado, 31 de agosto de 2024

Os estafermos foram de barco e o cão que se lixe


Por volta das nove horas, o gajo arrasta o iate para fora do portão com o seu bólide de baixíssima cilindrada e, depois de várias manobras, manda avançar a gaja. E a gaja, bamboleante nas suas patinhas, lá vai ao encontro do chefe. E atrás dela vai o pobre do cão. Maltratado, ignorado, até gosta (coitado!) das duas criaturas que lhe saíram na rifa.

O cão tenta entrar no carro, a ganir. A gaja não deixa. Por ser a via mais fácil, o cão saíu pelo portão quando o portão ainda estava aberto. E é pelo portão que a gaja o mete dentro do terreno, numa demonstração de elevadíssima inteligência. 

O portão fica fechado e a gaja regressa ao carro. O cão está seguro no interior do terreno... talvez até acreditem, ou querem que nisso acredite quem possa estar a ver. 

Arrastando a traineira, os estafermos seguem viagem.

E o cão não se fica, claro. Enquanto o carro se põe em movimento, o cão corre pelo terreno, chega a um dos buracos da vedação que lhe servem de porta para entrar e sair e corre rua fora, atrás deles e do carro. Mas já vai tarde. Que interessa, aos estafermos?

Como sempre, de dia ou de noite, quando quer e perante a criminosa indiferença deles, o cão vai andando por fora, assustado, agressivo para com as pessoas e os cães que passam, mas cobarde (como os estafermos). Habituados a ignorarem-no, de dia e de noite, habituados até a deixarem-no sozinho dentro do terreno e a ausentarem-se, por mais do que um dia, para as suas passeatas, ralam-se pouco.

Pobre cão!



quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Mais vale tarde do que nunca: a imprensa oficial já descobriu que andamos a beber vinho espanhol

 

Como não consigo saber tudo o que sai em toda a imprensa e nos blogues, é possível deixar aqui uma dúvida que só poderá ser, obviamente, elogiosa: até pode acontecer que alguém já tenha descoberto que andamos mesmo a beber vinho espanhol... talvez sem o sabermos. 

Eu próprio já o sugerira, e há cinco anos. E já vamos aos pormenores.

De qualquer modo, e até pela dimensão do alcance que pode ter, fê-lo agora o oficialíssimo "Expresso" na sua edição mais recente (23.08.24), ao interrogar-se, candidamente, se andaremos "a beber vinho espanhol" sem o sabermos. A base em que a pergunta assenta é evidente: basta ir ver os números oficiais sobre a importação de vinho e perceber como entram em Portugal, com ou sem adegas cheias, quantidades astronómicas de vinho espanhol.

O resto, para ir além do ponto de interrogação, fica, infelizmente, por fazer. Não é nada difícil, para qualquer pessoa, mas deve ser impossível para um tipo de jornalismo que não sai da cadeira e onde os únicos vinhos referenciados são os oferecidos pelas respectivas empresas (numa tradição que já remonta, aliás, a uma publicação de um semanário extinto).

Se o quisesse fazer, ao "Expresso" bastaria ir aos supermercados ver os "bag in the box" e o seu "vinho da UE" e as empresas que os vendem, além de olhar mais de perto para as empresas que têm vinho à venda em todos os supermercados do território nacional e que não têm vinhas próprias. Pelo menos. Mas, enfim, fiquemo-nos pelo que podemos ver...


"Expresso", suplemento de economia, dia 22.08.24



E no que me toca, revisitemos o que eu já publicara... em 2019. 

Com base nas estatísticas oficiais, publiquei o seguinte artigo no portal luso-brasileiro Portugal Digital:


Este artigo que publiquei em 31 de Outubro de 2019 no Portugal Digital pode ser lido aqui



O texto publiquei-o depois aqui mesmo, onde também pode ser lido:








Mais recentemente, e já este ano, voltei ao assunto quando descobri que a famosa marca Ravasqueira andava a vender, disfarçadamente, "vinho da UE".


O que escrevi sobre o vinho "da UE" da famosa Ravasqueira pode ser lido aqui






Portanto: andamos, ou não, a beber vinho espanhol? Acho que sim...


terça-feira, 27 de agosto de 2024

"Rússia cercada": o apogeu da triste ficção ucraniana



Olhem para esta imagem:

 


Ela foi extraída, como podem verificar facilmente, do Google Maps. 

À direita está a Rússia, numa extensão que mostra bem a sua dimensão comparativamente, por exemplo, com o conjunto que inclui alguns dos países da União Europeia. À esquerda está a Ucrânia, devidamentre assinalada a vermelho.

A Ucrânia, na sua versão de 2014, abrange uma área de 603 628 quilómetros quadrados e em 2021 tinha cerca de 41,5 milhões habitantes, sendo nessa altura o oitavo país mais populoso da Europa.

A Rússia tem uma área de 17 075 400 quilómetros quadrados. É o maior país do planeta , cobrindo mais de um nono da superfície terrestre. É também nono país mais populoso do mundo, com 146 milhões de habitantes.

A sua região de Kursk tinha cerca de 1 127 081 habitantes em 2010. Tem uma área de  29 800 km2, com uma densidade populacional de 37,82 hab./km². Depois de ter tido uma boa base industrial, é agora, em termos económicos, maioritariamente agrícola, com estepes e aldeias pouco habitadas.

Estas informações foram retiradas da Wikipédia.

Reparem, agora, neste título:



É possível, perante este mapa, imaginar que a Ucrânia, ao invadir uma região da Rússia, está a "cercar" este país? Não é, pois não?

Mas o "Observador", que com a CNN tuga é um dos órgãos nacionais que mais adora o governo de Kiev (ou o que dele recebe...), acha que sim.

Este absurdo título ("Rússia cercada"!), que nem usa aspas para fazer de conta que é uma matáfora ou algo parecido, corporiza toda a narrativa da imprensa oficial e de muitos dirigentes políticos do chamado "Ocidente alargado" sobre a incursão dos militares do governo de Kiev na região de Kursk. 

Foi iniciada em 6 de Agosto e os seus objectivos, coisa essencial numa operação militar, nunca foram realmente enunciados. 

A ideia pode ter sido a conquista da central nuclear de Kursk. Pode ter sido a de assustar a população russa (que não se assustou durante as duas invasões alemãs do século XX). Pode ter sido a de obrigar a Rússia a retirar as suas forças militares do Donbass, onde prossegue com êxito a sua "operação militar especial" (e o certo é que não as retirou). Pode ter sido uma operação mediática. Ou uma acção de perfil cinematográfico à medida do chefe das operações especiais ucranianas. Ou... sabe-se lá o quê.

Este desastre ucraniano, que envolveu forças que até poderiam ter sido melhor empregues no Donbass (se ainda valesse a pena empregá-las) que estão agora a ser paulatinamente dizimadas, foi "vendido" como um êxito. 

Os títulos da imprensa oficial nacional e estrangeira, da "Rússia cercada" aos "avanços" ucranianos nas estepes de reduzido valor estratégico, espelham esta realidade. É vê-los, num triunfalismo onde tudo converge: a crença quase religiosa na cruzada ucraniana, a provável existência de pagamentos à imprensa e a comentadores para garantirem boas notícias, o absoluto desconhecimento da realidade, a iliteracia mais gritante, a imbecilidade absoluta.










































Se, também nesta situação, conseguirmos escapar a um holocausto nuclear (para onde ainda podem ser arrastados os EUA e a NATO, se cederem à loucura do governo de Kiev), teremos os ucranianos completamente cercados em Kursk, sem conseguirem sequer fugir para a sua terra. Ou mortos e feridos.

Nessa altura, será interessante revisitar estes títulos que, da "Rússia cercada" à "Ucrânia firme na Rússia", não passam de melancólicas variações do "Viva la muerte" do general espanhol José Millán-Astray y Terreros.




segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Notas de prova









Arribas do Pinhão — Tinto 2014 — DOC Douro
Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz
Essência do Douro, Wines and Gourmet, Lda., Cabêda
13,5% vol.



Quinta da Fata — Branco 2020 — DOC Dão
Encruzado
Quinta da Fata, Vilar Seco (Nelas)
13,5% vol.

 





Barão do Hospital — Vinho verde branco 2021 — DOC Vinhos Verdes
Loureiro
Falua, Sociedade de Vinhos, SA, Almeirim
12,5% vol.





Encosta do Sobral — Tinto 2020 Vinhas Velhas — Vinho Regional Tejo
Trincadeira, Castelão e Aragonez
Encosta do Sobral, Tomar
14% vol.




Evidência — Tinto 2021 Reserva — DOC Dão
Touriga Nacional
Parras Wines, Maiorga (Alcobaça)
13% vol.
(Bebido no restaurante Vale Velho, em Caldas da Rainha)




Memória — Tinto 2016 Reserva Especial — Vinho Regional Lisboa
Touriga Nacional e Syrah
Quinta dos Capuchos, Capuchos (Alcobaça)
13,5% vol.
(Bebido no restaurante Taberna 1865, em Rio Maior)





M.O.B. — Tinto 2021 Lote 3 — DOC Dão
Touriga Nacional, Jaen e Alfrocheiro
Moreira, Olazabal & Borges, Gouveia
13,5% vol.





Ortigão — Tinto Reserva 2018 — DOC Bairrada
Baga
Quinta do Ortigão, Sociedade Agroturística, Lda., Anadia
13,5% vol.




Pousio — Tinto Escolha 2015 — Vinho Regional Alentejano
Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon e Touriga Nacional
Herdade do Monte da Ribeira, Marmelar
14% vol.



Quinta do Espírito Santo — Tinto 2
019 — Vinho Regional Lisboa
Sem indicação de castas
Casa Santos Lima - Companhia das Vinhas, SA, Quinta da Boavista, Aldeia Galega da Merceana
15% vol.



Quinta Nova — Tinto 2022 — DOC Douro
Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinto Cão
Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, Covas do Douro
14% vol.
(Bebido no restaurante Vale Velho, em Caldas da Rainha)





Quinta dos Penegrais — Tinto 2021 — Vinho Regional Tejo
Syrah, Touriga Nacional e Alicante Bouschet
Quinta dos Penegrais, Rio Maior
14% vol.
(Bebido no restaurante Taberna 1865, em Rio Maior)





Visconde de Borba — Tinto 2018 Reserva — DOC Alentejo
Aragonez, Alicante Bouschet, Trincadeira e Tinta Caiada
Marcolino Sebo Wines and Oils, Lda., Estremoz
15,5% vol.










Chapim — Tinto 2021 — DOP Tejo
Castelão, Touriga Nacional e Syrah
Herdeiros de João dos Anjos Dias Azinheira, Rio Maior
13% vol.
(Bebido no restaurante Taberna 1865, em Rio Maior)




Conde Moreira — Branco 2022 Reserva — DOC Douro
Sub-região Douro Superior
Côdega do Larinho, Rabigato e Viosinho
Espadacinta Vinhos, Lda., Freixo de Espada à Cinta
13,5% vol.



Pingo Doce — Tinto 2017 Colheita Selecionada — DOC Dão
Touriga Nacional, Aragonez, Alfrocheiro e Jaen
Adega Cooperativa de Silgueiros, Silgueiros
14% vol.



Montecapucho — Branco 2021 — Vinho Regional Lisboa
Maria Gomes
Quinta dos Capuchos, Capuchos (Alcobaça)
12,5% vol.


Martha's — Tinto 2022 Colheita — DOC Douro
Touriga Nacional e Touriga Franca
Martha's Wines & Spirits, Santa Marta de Penaguião
13% vol.
(Bebido no restaurante Vale Velho, em Caldas da Rainha)




Prazo de Roriz — Tinto 2018 — DOC Douro
Sem indicação de castas
Quinta de Roriz, São João da Pesqueira
14,5% vol.




São Luiz — Tinto 2022 Colheita — DOC Douro
Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinto Cão
Sogevinus Fine Wines, SA, Vila Nova de Gaia
13% vol.
(Bebido no restaurante Ao Sal, em Esmoriz)




Serra Mãe — Tinto 2020 — DOC Palmela
Castelão
Sociedade Vinícola de Palmela, Palmela
14% vol.




Canto da Vinha — Tinto 2020 — DOC Tejo
Aragonês e Syrah
Sociedade Ideal de Vinhos de Aveiras de Cima, Aveiras de Cima
14% vol.



Mariana — Tinto 2022 — Vinho Regional Alentejano
Touriga Nacional (40%), Araginez (30%). Alicante Bouschet (20%) e Trincadeira (10%)
Herdade do Rocim, Cuba
14% vol.




Monsaraz — Tinto 2022 Tradição — DOC Douro
Trincadeira, Aragonez e Alicante Bouschet
Carmim, Reguengos de Monsaraz
14% vol.


Porta da Ravessa — Tinto 2016 Colheita Especial— DOC Alentejo
Trincadeira, Aragonez e Alicante Bouschet
Adega Cooperativa de Redondo, Redondo
13,5% vol.






Mundus — Tinto 2021 — Vinho Regional Lisboa
Aragonez (60%) e Syrah (40%)
Adega Cooperativa da Vermelha, Vermelha
13% vol.






terça-feira, 20 de agosto de 2024

EDP/e-Redes: a Crónica das Trevas (112): um apagão incógnito


Entre as 13 horas de sábado, dia 17, e as 15 horas de hoje, houve um apagão, pelo menos. De duração inferior a uma hora. Não estive em casa para lhe sentir o incómodo (e o prejuízo) mas um electrodoméstico deu-me essa informação quando regressei dessa ausência de três dias.

O apagão ficou incógnito, mas, como todos os outros, filho de pai incógnito e de negligência cabrona.

Uma merda, como habitualmente.