sábado, 15 de janeiro de 2022

Ler jornais já não é saber mais (133): a estupidez no "Expresso" como epítome da desinformação

 


O uso das máscaras faciais tem, para os seus promotores e cultores, uma justificação que consideram racional: elas impedem que, por meio das gotículas aerossolizadas expelidas pelo nariz, um determinado vírus (neste caso, o SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19) passe para outra pessoa que esteja mais próxima.

Ao contrário do que certas normas governamentais sugeriam, este vírus não andava, nem anda, pelo ar. Pode transmitir-se no contacto imediato, pode ficar, por pouco tempo, em superfícies. E já nem se transmite de pessoa a pessoas se elas estiverem distanciadas dois metros. (É isto que torna tão estúpido o uso das máscaras ao ar livre e dentro dos carros.)

Repare-se nesta fotografia. Ela apareceu, sem indicação de "copyright", no site do jornal "Expresso" a ilustrar um texto intitulado "O que devo fazer a partir de agora em caso de infeção? Um guia para a autogestão da covid" (link aqui). 

A fotografia mostra é um homem com a dita máscara, mas não num espaço fechado, a uma janela. O que é significativo é que a janela, que deve ser de um prédio, e podemos pensar que se trata de uma zona urbana plana, está situada, pelo menos, à altura de um quinto ou sexto andar. A imagem não nos diz se há outra janela a uma distância inferior a dois metros mesmo à frente do homem. Também não mostra pessoas a pairarem diante dele, a levitarem ou a voarem. 

Ou seja: a máscara, num caso destes, é indiscutivelmente inútil. A única vantagem que pode ter é a de dificultar a oxigenação dos pulmões e de, a prazo, causar a morte desta pessoa.

Mas é isto que o jornal propõe como acrescento ao tal "guia": que as pessoas usem a coisa mesmo ao ar livre, mesmo sem ninguém por perto. Indirectamente, o "Expresso" está a dizer: vocês, os infectados (e sabe-se lá se também todos os outros) devem usar a máscara ao livre, quando estiverem sozinhos e talvez mesmo em casa.

E isto é estúpido. As pessoas precisam de respirar livremente, mesmo que a DGS continue a fuzilar-nos com as suas normas igualmente estúpidas e que, pelo menos, não adiciona o uso de máscara ao livre, e em casa, às normas tão pormenorizadas a que se dedica.

Infelizmente, há jornais que o fazem, conseguindo adicionar a estupidez à desinformação. Como o "Expresso", neste caso.



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