sábado, 21 de novembro de 2020

O novo profeta do Apocalipse

 



Marcelo Rebelo de Sousa enlouqueceu?
Ou então quer condicionar as eleições presidenciais, que deverão realizar-se dentro de dois meses, e em que ele ainda quer intervir e de onde quer sair com a legitimidade de um soberano escolhido e ungido pela suprema divindade?
Não há muitas explicações, que pareçam poder ser mais sólidas, para o que fez: profetizar (na qualidade de chefe de Estado!) uma “terceira vaga” de uma epidemia que, para dizer o mínimo, não só divide a ciência como é estribada (no país dele, que é o nosso) por elementos oficiais que já perderam toda a fiabilidade. 
Um Presidente da República de uma democracia “normal” dos nossos dias não pode entregar-se a profecias. Pode perfilhar teorias dos cientistas de que gosta, mas terá sempre de invocar a ciência que lhe convém para esse efeito. Não foi o que ele fez. 
Ignorando, estranhamente, as previsões governamentais de disponibilização de vacinas (antes mesmo da data profetizada para o novo Apocalipse), Marcelo Rebelo de Sousa limita deste modo o clima de debate que, numa democracia “normal”, deve sempre caracterizar eleições livres: o seu adorado estado de emergência limitará as actividades dos candidatos, à excepção daquele candidato que quer continuar onde está… e que parece disposto a fazer tudo para se eternizar no cargo. Com ou sem eleições.

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