Conheci, pessoalmente, o actual chefe do Governo quando ele era dirigente estudantil e/ou da Juventude Socialista. Trabalhando eu como jornalista (na área da educação), entrevistei-o para “O Jornal da Educação”.
O jovem António Costa não gostou de qualquer coisa que eu escrevi e dirigiu-me um protesto, já nem sei se directo ou indirecto, fazendo saber que não falaria mais comigo. Não dei grande importância ao incidente, até porque ele não a tinha. E eu não precisava realmente do jovem dirigente como fonte de informação.
Encontrei-o, mais tarde, numa situação diferente e, tanto quanto me recordo, ele nem sequer me cumprimentou. E eu também não fui ao beija-mão.
Nunca fui capaz de ter qualquer admiração pelo seu percurso político e se, para mim, ele procedeu com deslealdade para com o secretário-geral do PS que quis derrubar, o certo é que o problema era lá com eles. Também não gostei nada da atitude do então presidente da Câmara Municipal de Lisboa quando a capital foi alagada pela chuva, há alguns anos, mas já nessa altura era eu residente em concelho bem distante.
Quando, na sequência da derrota eleitoral de 2015, Costa montou um verdadeiro golpe de Estado no Parlamento para, em aliança com os outros perdedores, se apoderar do Governo, só me surpreendeu a desfaçatez. No fundo, era uma questão de coerência.
Costa consegue alcançar os seus objectivos, como se vê. Mas numa postura típica de quem não olha a meios para atingir os fins. E se chega ao poder, o problema é, depois, fazê-lo funcionar.
Tudo o que tem acontecido, e em especial desde o incêndio de Pedrógão Grande (cujas mortes são a melhor prova do vazio efectivo de uma governação como a de Costa), ficou bem claro que este homem não é um estadista.
Arrogante, autoritário, misturando uma espécie de fé vagamente ideológica com a ausência de escrúpulos perante os adversários e, até, perante a imprensa que não o serve, é uma mistura perigosa de um Maduro venezuelano com um Trump americano.
Se a natureza concedesse a estes dois a possibilidade de, em conúbio, terem um filho genético, sairia um António Costa, iluminado pelo deslumbramento de ter a seus pés o PCP reformista e o BE extremista e sabendo que, com jeito, favores e apoios, ainda pode chegar a Presidente da República.
Costa é um ditador em formação. Não o merecíamos, não o merecemos.
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