A questão grega é simples: a Grécia anda a viver há vários anos com o dinheiro dos outros e já está a chegar ao ponto em que já nem quer pagar, até porque fazê-lo começa a parecer impossível.
A Grécia, enquanto Estado e nação, gastou dinheiro até ao limite sem encontrar receitas para se sustentar.
Pediu um primeiro resgate e não o conseguiu pagar.
Pediu um segundo resgate e não o consegue pagar.
Antes mesmo de pedir um terceiro (o que já anunciou) voltou a pedir emprestado em dois planos: para os bancos (que o governo grego decidiu fechar), ao Banco Central Europeu, e às "instituições", mais 7 mil milhões de euros (7 000 000 000 €).
O dinheiro que foi sendo sempre emprestado não foi acompanhado por condições impostas por quem emprestava.
As condições foram sempre negociadas com os representantes eleitos do Estado grego. E as dívidas foram sempre parcialmente perdoadas.
Só a cegueira política e partidária (não há ideologia conhecida que justifique este tipo de confisco do dinheiro emprestado por parte do devedor), uma "ménage à trois" idealista entre Robin dos Bosques e Bonnie e Clyde ou a pura e simples idiotice é que podem justificar o entusiasmo por este modo de vida, assumido por um país de mão estendida que não quer, não tenta, não consegue nem pode viver sem o dinheiro dos outros países.
Que, já agora, também têm toda a legitimidade para convocar referendos e apurar se os respectivos povos querem, ou não, emprestar mais dinheiro à Grécia.
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Há duas outras situações em que se pode, comprovadamente, viver com o dinheiro dos outros: quem se dedicar a roubos, assaltos ou saques, sem ser apanhado pode fazê-lo mais ou menos à vontade; e, segundo a defesa do ex-primeiro-ministro que se encontra detido preventivamente, também parece ser muito natural que alguém viva com o dinheiro que em jeito de torneira aberta lhe vai dando um amigo. Também não me parece que alguma destas situações seja recomendável.
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