Alguns excertos interessantes de uma entrevista bem interessante do produtor Paulo Branco no "Correio da Manhã" de hoje, que merece e deve ser lida na íntegra:
"(Os festivais de cinema) não resolvem nada. Em Portugal, há dois tipos de espetáculo: a piratagem; e a sede de festivais que, a meu ver, não é positiva. A maior parte das pessoas que os frequenta está-se absolutamente nas tintas para o que está a ver. Vai porque é à borla, porque é uma festa, mas se possível até abandonam os filmes a meio, sem respeito algum… Para mim, a proliferação de é uma irresponsabilidade por parte das autarquias. E não deixa frutos. Não é com festivais que se criam hábitos de ir ao cinema durante o resto do ano."
"Em Portugal, o que está a acontecer é um desaparecimento progressivo do espaço para o cinema na Comunicação Social. Tanto de crítica como de informação. É um País que, pouco a pouco, vai perdendo referências. E não é só o cinema que fica para trás. É tudo o que desperta a curiosidade do espectador. E todos nós temos uma grande responsabilidade nisso. A começar pelas elites, que são praticamente analfabetas em Portugal. Daí termos o País que temos. Há uma atitude passiva por parte do comum cidadão que justifica a situação em que vivemos."
"Em Portugal atingimos um ponto crítico. E quando se vai muito lá abaixo, a certa altura só se pode subir. Acho que estamos nesse ponto. Agora é importante que cada um assuma as suas responsabilidades. Sobretudo na televisão, onde o que tem espaço é o pequeno espetáculo, o folclórico, mas onde não há verdadeiro espaço para o debate."
"(As pessoas) pagam 90 euros para ver concertos no Rock in Rio… A falta de dinheiro é muito relativa. O cinema continua a ser a forma de entretenimento e arte mais barata. É uma questão de prioridades. Mesmo para um País que vive as dificuldades que o nosso atravessa, sempre é mais barato ir ao cinema do que comprar uma assinatura nos canais de cabo."
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