"Boardwalk Empire", a série produzida por Martin Scorsese e Mark Wahlberg e com um extraordinário Steve Buscemi, é uma das melhores demonstrações da importância que a televisão hoje tem na ficção audiovisual.
Passada nos anos 20, na América do proibicionismo, harmonizando o "thriller" com a política e a crónica de costumes com os dramas de amor, "Boardwalk Empire" tem uma construção narrativa primorosa, um dinamismo visual inspirado, valores de produção de primeira linha e um leque de interpretações onde - e nunca é demais salientá-lo - sobressai a fascinante interpretação de Steve Buscemi na figura do cacique Enoch "Nucky" Thompson de Atlantic City. E não recua perante nada, como já é costume nas séries da HBO (de onde saíram a malograda "Roma" e a magistral "The Wire").
Steve Buscemi |
Numa intervenção cheia de significado, na edição em DVD, é o próprio Martin Scorsese que salienta uma das grandes vantagens da opção televisiva: o arco narrativo da primeira temporada desenvolve-se sem pontas soltas e sem a menor quebra de ritmo durante quase seiscentos minutos (doze episódios de cerca de 50 minutos) e imagina-se o que não se perderia numa longa-metragem por mais longa que pudesse ser.
"Boardwalk Empire" tem, para esta década, a mesma importância que "The Wire" teve na década passada. E é sintomático que, à pala do "policial", consiga do mesmo modo dizer tanto sobre o mundo em que vivemos e de uma forma tão universal.
Por motivos que se desconhecem, as melhores séries costumam passar às escondidas na televisão portuguesa. Foi o caso de "The Wire", foi o caso, agora, de "Boardwalk Empire". Salva-as, e a nós, a edição em DVD que vale tudo o que custa.
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