domingo, 5 de fevereiro de 2012

E de novo a propósito da crítica literária que se ausentou para parte incerta...


Maria do Rosário Pereira, editora e autora, fez no seu blogue Horas Extraordinárias um reparo muito correcto sobre o modo como a comunicação social não acompanha, nem na recensão nem na crítica, o reduzido período de vida das "novidades" nas livrarias.
O reparo foi suficiente para um dos pequenos torquemadas do "Expresso" (que cultivam um tipo de "crítica" que, pelo menos no cinema e nos livros, parece excluir o entretenimento e cultivar uma melancolia de quem decidiu mudar o mundo pela proibição do prazer) acusar Maria do Rosário Pedreira de querer submeter a "crítica" às necessidades empresariais do sector livreiro em termos que fazem supor, por exemplo, que há-de ter tido algum projecto de romance seu recusado pela editora. (Presume-se, aliás, que só uma parte significativa desse sector empresarial é que deve ter essas necessidades malditas porque haverá outras partes, talvez mais amigas, que devem funcionar em regime "pro bono".)
Porque Maria do Rosário Pedreira tem toda a razão na observação que fez.
aqui escrevi sobre o desaparecimento da crítica literária da Imprensa e sobre o contraste gritante entre a liberdade de imprensa e a ausência de suplementos culturais mais abertos, como acontecia antes do 25 de Abril. Mas convém, já agora, acrescentar que o mesmo parece estar a acontecer no capítulo das recensões.
E num caso como no outro o que está em causa é o direito do leitor a ser informado do que vai saindo e o dever da Imprensa de, como acontece noutras áreas, registar os livros que vão sendo publicados e de os sujeitar, com regularidade, também à análise crítica de quem tem a capacidade de a fazer.
Deve haver motivos muito fortes para que isso não aconteça e que não se dê aos livros o mesmo tipo de atenção que se dá ao cinema, por exemplo, mas os que me ocorrem convidam ao uso de expressões menos correctas que, por agora, é de bom tom reservar.

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