terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A crítica literária ausente em parte incerta...

Antes do 25 de Abril não havia jornal diário que não tivesse crítica literária.
Do crítico "República" ao institucional "Diário de Notícias", passando pelo quase independente "O Seculo" e pelos menos alinhados "Diário de Lisboa", "Diário Popular" e "A Capital", todos tinham páginas ou suplementos onde se comentavam livros e, claro, cinema e teatro, artes plásticas e outras tendências.
E com grande abertura de espírito: no "Diário de Notícias" publiquei (com 16 anos, salvo erro, e pela mão de Natércia Freire) dois artigos sobre H. P. Lovecraft e os Mitos de Cthulhu e até fui pago; no "República", outro sobre uma peça de teatro de temática fantástica de Alfonso Sastre (e não me pagaram).
O panorama, hoje, é desolador.
O que há de páginas e suplementos "culturais" em alguns jornais está espartilhado entre cumplicidades diversas, modas diversas, capacidade de penetração das assessorias de imprensa e perspectivas ainda mais elitistas ou académicas do que no período final do Estado Novo. E a crítica literária praticamente desapareceu.
Por outrio lado, não me parece que publicações periódicas como a "Ler", "Os Meus Livros" ou o "JL" tenham a abrangência e a abertura de espírito necessárias para assumirem esse papel.
É um contra-senso para o qual não existe nenhuma explicação racional.

Sem comentários: