Antes do 25 de Abril não havia jornal diário que não tivesse crítica literária.
Do crítico "República" ao institucional "Diário de Notícias", passando pelo quase independente "O Seculo" e pelos menos alinhados "Diário de Lisboa", "Diário Popular" e "A Capital", todos tinham páginas ou suplementos onde se comentavam livros e, claro, cinema e teatro, artes plásticas e outras tendências.
E com grande abertura de espírito: no "Diário de Notícias" publiquei (com 16 anos, salvo erro, e pela mão de Natércia Freire) dois artigos sobre H. P. Lovecraft e os Mitos de Cthulhu e até fui pago; no "República", outro sobre uma peça de teatro de temática fantástica de Alfonso Sastre (e não me pagaram).
O panorama, hoje, é desolador.
O que há de páginas e suplementos "culturais" em alguns jornais está espartilhado entre cumplicidades diversas, modas diversas, capacidade de penetração das assessorias de imprensa e perspectivas ainda mais elitistas ou académicas do que no período final do Estado Novo. E a crítica literária praticamente desapareceu.
Por outrio lado, não me parece que publicações periódicas como a "Ler", "Os Meus Livros" ou o "JL" tenham a abrangência e a abertura de espírito necessárias para assumirem esse papel.
É um contra-senso para o qual não existe nenhuma explicação racional.
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