Segundo conta o "Jornal de Notícias" aqui, as salas de cinema terão perdido, no nosso país, cerca de meio milhão de espectadores.
A notícia não surpreende. Acho que foi em 2007, antes de deixar a Grande Lisboa por completo, que fui pela última vez ao multiplex do Oeiras Shopping. Num dos irritantes intervalos da sessão em que eu me encontrava, olhei para a alcatifa puída e suja, lembrei-me do som desequilibrado com que o filme estava a passar e pensei no preço do bilhete e decidi: àquele cinema não voltaria mais. E não voltei.
A história do decréscimo do público de cinema em Portugal é uma colecção de disparates equivalente a um engarrafamento na Segunda Circular - na programação, nos títulos, no desinteresse, nos preços absurdos, na falta de diversificação da oferta, nas más condições das salas, no combate hipócrita à "pirataria" e da hostilidade para com os clubes de vídeo e o público em geral, e tudo com o beneplácito imoral do Estado, as empresas de distribuição, de exibição e de edição de filmes para salas e para o mercado doméstico.
Na cidade de Caldas da Rainha, concelho onde agora resido, o pequeno multiplex local é desconfortável, o som deve ser controlado por deficientes auditivos e a programação é bizarra. Num ano, fecharam três clubes de vídeo num total de, pelo menos, cinco lojas.
Ainda há um. O proprietário respondeu-me "Por enquanto" quando descobri este clube de vídeo e lhe manifestei a minha satisfação.
Sem comentários:
Enviar um comentário