sábado, 8 de junho de 2024

Porque não votarei nas eleições europeias amanhã

 

Recuso-me a votar nisto.



Acreditei, a certa altura, na bondade daquilo a que às vezes se tem chamado “projecto europeu” e que, por mim, poderia mesmo ir mais além do que é a actual estrutura política da União Europeia, levando-a a um nível federativo com os vários países unidos numa federação com orientações comuns a todos os níveis.

Os vários países que compõem a UE não precisariam, nessa circunstância, de perder as suas características mais específicas: culturais em sentido amplo, religiosas, gastronómicas, obviamente geográficas. Note-se que quase tudo já é definido a nível das cúpulas da UE, a começar pelas regras económicas, financeiras, fiscais e orçamentais. A parte militar, aquilo que se designa por “defesa”, está de fora. Mas é como se não estivesse.

A crise ucraniana mostrou, desde há dois anos, como a liderança política da UE se deixou subordinar aos interesses dos Estados Unidos (por via da NATO e directamente), correndo agora o risco de, com uma retirada dos EUA do conflito na Ucrânia, ficar com o menino nos braços. O “fuck the EU” de Victoria Nulland, a princesa dos “neocons”, deixou mesmo a Europa literalmente “fucked” e “fucked up”.

Dirigentes como von der Leyen, Macron, Scholz e tantos outros mostraram, ao longo deste período, uma monstruosa falta de carácter, de inteligência, de racionalidade.

Sem meios para sustentarem a sua arrogância, passam os dias a “arrotar postas de pescada” contra a Rússia. E, ao mesmo tempo, afundam cada vez a economia dos países da UE. Esvaziam os paióis para manterem uma guerra de desfecho mais do que previsível. São cúmplices de um dos mais atrozes morticínios dos nossos dias, que é a condenação à morte dos próprios ucranianos, os tais que servem, enquanto ainda existem, para Biden, o patrão demente deles, dizer que a Ucrânia deve continuar a combater “até ao último ucraniano”.

von der Leyen (e nem esqueçamos as suspeitas sobre a compra de vacinas da covid) e os seus companheiros são os responsáveis pela ruína da UE, cujo futuro é crescentemente mais sombrio.

Não se submetem de forma directa ao sufrágio destas eleições, fazem-no pelos seus “proxies”. Por outro lado, não é nesta gente que se vota, claro, mas os eurodeputados de pouco servem quando a Comissão Europeia e os seus aliados nacionais souberam chamar a si todo o poder.

Votei na AD em Março e, podendo repetir o voto, não me entusiasma este governo. Vi, com repugnância, o modo como receberam em Lisboa o comediante louco de Kiev e, agora, von der Leyen. Poderia votar na IL, mas é confrangedor ver o seu candidato enredado nas parvoíces “pró-ucranianas” da camarilha de que von der Leyen é o rosto. Vejo com bons olhos a posição do PCP relativamente à crise ucraniana, mas, tendo sido dissidente e crítico e considerando-o descredibilizado pela deriva eurocomunista da "Geringonça", não posso entregar-lhe o meu voto. O resto, francamente, não me interessa, nem me atrai.

Poderá haver quem diga que eu poderia votar em branco ou ir “anular” o voto, rabiscando nele qualquer coisa. De pouco serviria, no entanto, em termos práticos.

Portanto, abstenho-me. Acreditando, cada vez menos, neste “projecto europeu” de tiranetes que querem arrastar para a miséria económica e social e para a guerra os seus anestesiados súbditos.


Sem comentários: