sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Dois anos depois (1): uma catástrofe chamada Vítor Marques

 

Há dois anos, um obscuro presidente de junta e discreto empresário chamado Vítor Marques foi eleito presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, a cavalo num movimento inorgânico que criou e a que chamou “Vamos Mudar”. O eleitorado queria mudar, depois de uma gestão prolongada, desastrada e polémica do PSD em duas versões, e deu-lhe a presidência da câmara.

Vítor Marques mostrou que queria uma coisa e não evitou que qualquer pessoa de bom senso pensasse que também queria outra coisa.

A primeira era ter um trunfo político para se destacar e ganhar, de novo, as eleições autárquicas, as de 2025. A segunda será ampliar e reforçar a sua influência e o seu poder de empresário com dinheiro. A política, em geral, não enriquece.

O trunfo político era a instalação do anunciado novo hospital do Oeste em Caldas da Rainha. O actual Centro Hospitalar Oeste Norte (o hospital de Caldas da Rainha) está esgotado e, tal como existe, precisa de ser substituído, ou ampliado a sério (o que, na prática, parece ser impossível). Vítor Marques desenvolveu a sua acção pública de presidente camarário em torno, exclusivamente, desse objectivo: garantir a “posse” do novo hospital.

Percebe-se que Vítor Marques, como empresário, é hábil. Mas, como político, é de uma inabilidade extrema. 

Podia ter atraído outros municípios para uma estratégia comum, negociando o seu apoio para conquistar o hospital para o seu próprio concelho. 

Podia ter tentado negociar com o Governo em vez de berrar e barafustar. 

Podia – se não fosse politicamente inábil – ter percebido que o Governo, como qualquer governo, usaria o novo hospital como ele queria fazer: para ganhar votos. (Já o expliquei aqui: o PS “ofereceu” o novo hospital ao Bombarral para ganhar as eleições num concelho onde ainda o pode conseguir sem grandes riscos.)

Quando, há três meses, o Governo anunciou que Caldas da Rainha não seria o município escolhido, Vítor Marques barafustou ainda mais. Bateu com o pé. Decretou “luto”. Ameaçou com “luta”. Angariou o apoio dos militantes das causas perdidas (da Linha do Oeste e do hospital).

Três meses depois, vê-se: há uns postais (!) de protesto para serem enviados aos órgãos de poder. O resto são apoios camarários a festas e festarolas (circo sem pão…). A “luta” do hospital nem chegou a ser perdida, porque nem sequer foi iniciada. E o Governo que lhe fez a desfeita até é recebido com todas as honras.

Dois anos depois, a gestão municipal de Vítor Marques não passa disto: a sucessão de erros que foi o processo do novo hospital, dinheiro injectado em festas para distrair a população, rumores não explicados nem contraditados de que há contratações a mais para a Câmara Municipal, actos de gestão financeira no mínimo duvidosos (já aqui dei dois exemplos, a partir da observação directa do que se passa na Serra do Bouro, zona tutelada pela União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro) e incapacidade absoluta de fazer obras de melhoria, manutenção e reparação das infraestruturas públicas.

A organização “Vamos Mudar” e o seu dono são uma catástrofe. 

Como vai ser daqui a dois anos?


"Mudar"?! Tudo o que mudou foi para pior!



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