Há dois anos, um
obscuro presidente de junta e discreto empresário chamado Vítor Marques foi
eleito presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, a cavalo num movimento
inorgânico que criou e a que chamou “Vamos Mudar”. O eleitorado queria mudar,
depois de uma gestão prolongada, desastrada e polémica do PSD em duas versões,
e deu-lhe a presidência da câmara.
Vítor Marques
mostrou que queria uma coisa e não evitou que qualquer pessoa de bom senso
pensasse que também queria outra coisa.
A primeira era ter
um trunfo político para se destacar e ganhar, de novo, as eleições autárquicas,
as de 2025. A segunda será ampliar e reforçar a sua influência e o seu poder de
empresário com dinheiro. A política, em geral, não enriquece.
O trunfo político
era a instalação do anunciado novo hospital do Oeste em Caldas da Rainha. O
actual Centro Hospitalar Oeste Norte (o hospital de Caldas da Rainha) está
esgotado e, tal como existe, precisa de ser substituído, ou ampliado a sério (o
que, na prática, parece ser impossível). Vítor Marques desenvolveu a sua acção
pública de presidente camarário em torno, exclusivamente, desse objectivo:
garantir a “posse” do novo hospital.
Percebe-se que Vítor Marques, como empresário, é hábil. Mas, como político, é de uma inabilidade extrema.
Podia ter atraído outros municípios para uma estratégia comum, negociando o seu apoio para conquistar o hospital para o seu próprio concelho.
Podia ter tentado negociar com o Governo em vez de berrar e barafustar.
Podia – se não fosse politicamente inábil – ter percebido que o
Governo, como qualquer governo, usaria o novo hospital como ele queria fazer:
para ganhar votos. (Já o expliquei aqui: o PS “ofereceu” o novo hospital ao
Bombarral para ganhar as eleições num concelho onde ainda o pode conseguir sem
grandes riscos.)
Quando, há três
meses, o Governo anunciou que Caldas da Rainha não seria o município escolhido,
Vítor Marques barafustou ainda mais. Bateu com o pé. Decretou “luto”. Ameaçou
com “luta”. Angariou o apoio dos militantes das causas perdidas (da Linha do
Oeste e do hospital).
Três meses depois,
vê-se: há uns postais (!) de protesto para serem enviados aos órgãos de poder.
O resto são apoios camarários a festas e festarolas (circo sem pão…). A “luta”
do hospital nem chegou a ser perdida, porque nem sequer foi iniciada. E o
Governo que lhe fez a desfeita até é recebido com todas as honras.
Dois anos depois,
a gestão municipal de Vítor Marques não passa disto: a sucessão de erros que
foi o processo do novo hospital, dinheiro injectado em festas para distrair a
população, rumores não explicados nem contraditados de que há contratações a
mais para a Câmara Municipal, actos de gestão financeira no mínimo duvidosos
(já aqui dei dois exemplos, a partir da observação directa do que se passa na
Serra do Bouro, zona tutelada pela União de Freguesias de Santo Onofre e Serra
do Bouro) e incapacidade absoluta de fazer obras de melhoria, manutenção e
reparação das infraestruturas públicas.
A organização “Vamos
Mudar” e o seu dono são uma catástrofe.
Como vai ser daqui
a dois anos?
"Mudar"?! Tudo o que mudou foi para pior! |
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