 |
| Figuras tristes |
O empresário que é presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, Vítor Marques, apostou tudo na construção do novo hospital do Oeste, no concelho de Caldas da Rainha, para reforçar e consolidar o seu projecto pessoal de poder, desenvolvido a partir da sua vitória eleitoral de Setembro de 2021.
Podia ter escolhido a linha do Oeste, o desassoreamento da Lagoa de Óbidos ou a conquista do espaço exterior no espaço aéreo do concelho, mas optou pelo hospital, tornado convenientemente necessário pela degradação do actual Centro Hospitalar do Oeste Norte, por ser o que maior relevância assume para a população local no seu conjunto.
Mas fê-lo da pior maneira possível, adoptando uma estratégia de confronto com o Governo.
Não se percebe o que o levou a optar pelo confronto e pela berraria, em vez da negociação. Estaria convencido, depois de uma temporária lua de mel com o PS local, de que, se berrasse, uma eventual opção do Governo por Caldas da Rainha tornaria a sua eventual vitória ainda mais relevante?
O problema é que Vítor Marques estava, e está, politicamente isolado, dada a sua condição de "independente". E, politicamente oportunista, nem pensou, pela sua inexperiência política, que o PS, há muito arredado do poder municipal em Caldas da Rainha, não lhe iria dar de bandeja um trunfo para as eleições de 2025.
Além disso, perdido por cem, perdido por mil: se o PS sabia, e sabe, que não consegue ganhar eleições municipais em Caldas da Rainha, nem em 2025 nem nos anos que hão de vir, a posição deste partido no Bombarral estava, e está, em risco.
Repare-se que, em 2021, o PS ganhou as eleições de 2021 no Bombarral com 2602 votos (41,13 por cento), ficando o PSD em segundo lugar com 2416 votos (38,19 por cento). Mas em 2017 o PS tivera 3113 votos (48,94 por cento) e a coligação PSD/CDS apenas 2369 votos (37,24 por cento). Se esta tendência se confirmasse, o PS poderia perder as eleições de 2025. E é neste quadro que o novo hospital do Oeste pode ser um trunfo fundamental para a presidência PS do Bombarral.
Vítor Marques, podendo ser muito habilidoso noutras coisas, é, em política, um desastre. Percebeu tudo mal e deit0u a perder quaisquer hipóteses que o concelho de Caldas da Rainha pudesse ter nesta matéria, incluindo qualquer compensação razoável para a "perda" do hospital.
A "luta" (e o "luto"), para onde quer arrastar alguns dos seus apaniguados e outros iludidos e com a qual pretende disfarçar a sua derrota, é uma ilusão hipócrita. O passo mais sensato, depois desta derrota, seria demitir-se.
E não se pode dizer, pela ausência de qualquer política municipal favorável aos munícipes, que fosse grande a perda para o concelho. Pelo contrário. Com a sua saída de cena é que o concelho de Caldas da Rainha poderia, efectivamente, mudar.
Sem comentários:
Enviar um comentário