terça-feira, 5 de abril de 2022

"A Balada de Hill Street" + "A Balada de Nova Iorque" + "Departamento de Homicídios" + "The Wire" = "Bosch"

Jamie Hector e Titus Welliver em "Bosch"

No tempo em que, sem a Netflix, sem a HBO e sem a Prime Video, procurava novas séries de televisão em DVD, deparei-me com uma simplesmente intitulada "Bosch", lançada pela Amazon na sua incursão pela produção audiovisual (e acho que ainda sem a Prime Video).

Houve qualquer coisa que li, a seu respeito, e de que não gostei e que me pareceu estar relacionada com os poderes paranormais que um polícia de nome Hyeronymus Bosch (ainda por cima...) teria. Do autor das histórias com esta personagem, Michael Connelly, pouco lera e a ideia de associar o "thriller" a temáticas fantásticas nunca me agradou, com excepção de "Falling Angel", (1978), de William Hjortsberg, que deu origem ao filme "Angel Heart - Nas Portas do Inferno" (1987).

E por isso passei-lhe ao lado. Há pouco tempo, por qualquer motivo, fui espreitar a série (sete temporadas, 2014 - 2021), disponível na Prime Video... e fiquei fã. "Bosch" é um regresso magnífico às grandes séries de ficção policial da televisão americana e como seu criador e produtor está Eric Ellis Overmyer, que foi produtor e guionista de "Departamento de Homicídios" e de "The Wire" (e de "Treme"). 

"Bosch" é, nos ambientes e nos diálogos, uma síntese brilhante de todas as tendências inovadoras que se revelaram nestas duas séries e, ainda, em "Balada de Hill Street" (1981 - 1987) e "Balada de Nova Iorque" (1993 - 2005). Inteligentemente construída, com interpretações poderosas e diálogos que se entrecruzam, com tempo e ritmo, numa rede de silêncios significativos, "Bosch" é do melhor que há e, depois dos seus 68 episódios, só se pode ansiar pela continuação, que é "Bosch: Legacy", em Maio.

Há uma cena, na sétima temporada, em que uma das personagens descreve uma criminosa "latina" como "Stringer Bell com saias, de 'The Wire'». E Jamie Hector, o detective parceiro de Bosch, replica qualquer coisa como "Sei o que é. Vi a série sem interrupções". Jamie Hector foi, em "The Wire", o chefe criminoso Marlo Stanfeld. Merecidamente citada, "The Wire" dá também a "Bosch" uma das suas personagens mais emblemáticas: o chefe da Polícia, Irv Irving, interpretado por Lance Reddick. 


"Goliath" e "The Looming Tower"




Cliente mais recente da Prime Video, foi nesta televisão que também descobri duas outras grandes séries: "Goliath" e "The Looming Tower". Ambas, como "Bosch", confirmam as grandes virtualidades da televisão contemporânea e o seu papel de rival directa do cinema e em todos os aspectos.

"Goliath" (2016 - 2021) tem Billy Bob Thornton na pele de um advogado caído em desgraça que acaba por atacar os mais poderosos. Num ambiente "noir" soberbamente construído, "Goliath" tem uma galeria de alto nível em matéria de interpretações onde figuram grandes nomes como William Hurt, Bruce Dern, J. K. Simmons, Dennis Quaid, Beau Bridges, e o estilo "cool" do advogado Billy McBride (Thornton) consegue avivar todas as emoções.

"The Loooming Tower" (2018) é, por seu turno, uma mini-série muito especial. Conta como a rivalidade entre o FBI e a CIA abriu algumas portas aos atentados do 11 de Setembro e nela quem sobretudo se destaca é Jeff Daniels, perfeito na recriação de um chefe do FBI caído em desgraça.




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