sexta-feira, 28 de maio de 2021

A criatividade da Câmara Municipal do Lixo

Só alguém com um fétiche muito grande pela porcaria poderia achar que uns ferros toscos pintados de vermelho a realçar caixotes de lixo feios, porcos e inadequados seriam... qualquer coisa artística.





quarta-feira, 26 de maio de 2021

Incompetência, incúria e desprezo pelos contribuintes na Serra do Bouro (14): vespas à porta





Serra do Bouro, Caldas da Rainha: numa boca de incêndio (se houver um incêndio, este tipo de equipamento mal conservado e pior mantido servirá para alguma coisa?) prosperam vespas.

Calculo que possam ter feito o ninho lá dentro.

Não sei se são "asiáticas" ou de outra "variante".

Não sei qual é o seu grau de perigo.

Sei que aqui mora gente e que passa gente por aqui.

O chefe local da Protecção Civil foi avisado. Anteontem. O vídeo é de hoje.

É pena que estas duas criaturas não tenham também vespas à porta. Umas picadinhas só lhes fariam bem...





terça-feira, 25 de maio de 2021

Incompetência, incúria e desprezo pelos contribuintes na Serra do Bouro (13): asneira, asneira e irresponsabilidade absoluta

 





Primeiro foi a Cimalha.

Com a extraordinária falta de competência que os caracteriza, os "especialistas" desta empresa rasparam a encosta para fazer as caleiras, que é o que mais gostam de fazer. 

Depois foram os Serviços Municipalizados. 

Na mesma onda, rasparam ainda mais a encosta, mas desta vez para arrancar vegetação.

A ninguém ocorreu que seria conveniente perceber as características do solo e, já agora, o básico da lei da gravidade. O solo, aqui, é argiloso e poroso. Pode aguentar-se. Mas a chuva mais forte, como depois aconteceu, e a secura do sol mais quente deram nisto: a encosta começou a desfazer-se. Muito lentamente, mas como se vê.

Depois disto, os Serviços Municipalizados vão de volta e nem passam nesta rua. Nem limpam a terra e as pedras que deslizaram. Não querem saber. Ou seja: a Câmara Municipal de Caldas da Rainha age aqui com uma irresponsabilidade absoluta. 

E assim vamos ficando. Não sei o que pensam os donos da propriedade que dá para esta rua e em que parte do muro, o contador da água e um candeeiro de iluminação pública parecem ameaçados. Mas não devem estar satisfeitos. Nem com o que está a acontecer, nem com a hostilidade dos "manda-chuvas" locais.

Se as coisas caírem, a responsabilidade é de quem?

O presidente da Câmara Municipal, Tinta Ferreira, é responsável por isto, pela tutela que tem dos Serviços Municipalizados. O presidente da União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro, Jorge Varela, que até gastou 2250€ para saber quantos estrangeiros por cá existem, já devia ter tido uma intervenção aqui. Mas não, esta gente não quer saber da Serra do Bouro!...





Vão continuar a votar neles?


sábado, 22 de maio de 2021

Incompetência, incúria e desprezo pelos contribuintes na Serra do Bouro (12): perigo de morte

 




Não sei o que é isto, posto ontem à tarde numa rua por onde circulam pessoas, e pessoas com cães, numa zona onde mora gente, à altura da cara e da cabeça de qualquer pessoa. Telefonei (hoje) para os Bombeiros e para a GNR e até cheguei à fala com o chefe local da Protecção Civil. Fiquei sem saber mais do que (não) sabia quando me deparei com esta coisa.

E, por isso, só posso especular.

A Câmara Municipal de Caldas da Rainha entregou a um dos seus vários "amigos" o combate à vespa asiática no concelho. A experiência que eu tive, e que aqui contei, não abona nada a seu favor. Julgo que terá sido a criatura que veio pôr aqui o que talvez seja uma armadilha para as vespas, com veneno no interior. E fê-lo aqui. Sem um aviso, sem um elemento de isolamento. E ninguém pode garantir, e muito menos ele, que as vespas não ataquem quem for a passar ou que, por qualquer motivo, a caixa caia e elas se espalhem. 

E se isso acontecer? E se morrer alguém? De quem é a responsabilidade?

Desta gente, claro: e do "amigo" deles.




Corrijam-me se estiver enganado...

A génese de "O Último Refúgio" (3): Shakespeare "et al."

 


Há quatro obras a que "O Último Refúgio" faz referência, directa e indirectamente. Não se pode dizer que tenham tido uma influência decisiva nesta história e não foram fonte de inspiração. Mas a narrativa alude-lhes. Duas delas têm direito a citação inicial, uma repercute-se na história em si e a quarta só muito mais tarde se me revelou.

Quando pensei num protagonista estrangeiro, defini-o como polícia e acabei por ir ter aos EUA e a Baltimore, a cidade onde se desenrola a história da série televisiva "The Wire" (2002 - 2008). Já tenho aqui escrito sobre ela e é, para mim, um dos momentos definidores da nova ficção televisiva do século XXI. Pensei em ir ao universo urbano de "The Wire" e pôr o meu protagonista, James Castello, em contacto com protagonistas de "The Wire". Mas havia dois problemas: a história de "The Wire" passa-se há vinte anos e a de "O Último Refúgio" no ano passado; por outro lado, teria de pedir autorização para usar alguma personagem da série e sem a certeza de a minha história poder ser publicada. Portanto, desisti, mas não sem deixar de citar uma das fabulosas personagens, Omar Little. O meu protagonista, James Castello, poderia usar a frase citada. 

A outra, e dela já falei, foi "I Am Legend", de Richard Matheson.

A terceira foi "Macbeth", de William Shakespeare. Algumas obras de Shakespeare interessaram-me, tive de estudar o autor no meu curso da Faculdade de Letras e houve algumas adaptações cinematográficas que retive. 

A primeira foi, precisamente, "Macbeth", na versão de Roman Polansky (1971). Recordo, também, "Júlio César" (1953), de Joseph Mankiewicz, com Marlon Brando e James Mason. Além de "Ran" (1985), o "Rei Lear", de Akira Kurosawa. E, noutro registo, a reinterpretação de "Hamlet" na série televisiva "Sons of Anarchy" (2008 - 2014). A ideia da associação a "Macbeth" começou pelas bruxas que dão o nome à Praia das Bruxas (no início, era só Praia da Bruxa) e que são um elemento sobrenatural muito bem tratado por Polanksy. E depois Maria DeMeira apareceu-me, um pouco, com traços de Lady Macbeth. Talvez o pudesse vir a ser, mais tarde, se os ventos lhe corressem de feição.

E, finalmente, ao passar em revista uma das últimas sequências de "O Último Refúgio", lembrei-me de um filme pouco recordado de Walter Hill: "Southern Comfort/Estado de Guerra" (1981). Walter Hill foi uma espécie de discípulo do grande Sam Peckinpah e "Southern Comfort", na sua modéstia, é quase perfeito. E quanto aos pormenores, remeto mesmo o leitor para "O Último Refúgio"...


sexta-feira, 21 de maio de 2021

Convicções? Não, prostituição.

 




Uma escola decidiu fazer campanha para pôr alunos, e suponho que também professores e funcionários não docentes, do sexo masculino a usarem saias, em prol da "igualdade de género" ou de qualquer coisa desse tipo. 

A fundamentação está ausente da iniciativa (até podiam justificá-la por as saias serem, ou poderem ser, mais frescas no Verão...). Mas o que não está é a motivação.

Em vez de tentarem convencer os alvos da sua acção, os animadores da coisa resolveram aliciá-los e comprá-los... com 10 euros.

A isto chama-se um convite à prostituição: anda cá fazer o que eu quero e eu dou-te dinheiro para isso. Mas não tem mal, claro: a prostituição é uma das actividades onde há maior "igualdade de género"...

Incompetência, incúria e desprezo pelos contribuintes na Serra do Bouro (11): o eterno remendo

Como é frequente, houve nesta rua de pequena extensão que tem o nome de Rua Maria Matos, uma ruptura na rede pública de abastecimento de água. Em Setembro de 2019.

E como é frequente, a abertura que os Serviços Municipalizados tiveram de fazer para a reparação do cano foi tapada com... terra e pedras. Alcatrão? Parece que ninguém sabe o que isso é.

As estranhas "obras" de reparação (?) de estradas cozinhadas pela Câmara Municipal de Caldas da Rainha e pela empresa Cimalha (e pagas por todos nós) passaram ao lado desta rua. Desta rua e de muitas outras coisas. A rua, onde até mora gente, está remendada em vários sítios e no estado de abandono que caracteriza a desatenção das autoridades municipais. Nunca a quiseram arranjar.







Estas duas pessoas são responsáveis pelo buraco remendado. 


O primeiro é o presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, Tinta Ferreira, e o segundo é o presidente da União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro. 

São candidatos outra vez nas eleições deste ano. Votem neles e perpetuem a política do remendo e do abandono.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

"O Último Refúgio": uma primeira opinião...

... muito elogiosa, naturalmente, a partir do blogue O Prazer das Coisas, da autoria da Patrícia, que também deu voz à sua opinião no YouTube:










domingo, 16 de maio de 2021

Ler jornais já não é saber mais (108): circo com palhaços

Deparei-me ontem de manhã, no "Observador", com uma notícia de 673 palavras com o título "Presidente da República condena 'lamentável notícia' da Lusa e regista 'imediato pedido de desculpas' da agência".

Como o leitor poderá verificar (o link é este), a notícia é um feito extraordinário: não diz qual foi o objecto da "condenação" presidencial, e de mais um sortido de personagens que também são citadas no texto. É estranho que um órgão de informação esconda assim a matéria da notícia, mas devo pensar que é assim que agora deve ser.

Falhada a informação, pus-me à procura de elementos e fui ter ao jornal regional "Notícias da Maia" (aqui), onde finalmente me elucidei. Fiquei então a saber que numa notícia da agência Lusa, de 13 deste mês, o nome de uma deputada do PS aparece com "Preta" entre parênteses e que foi esse o motivo para a vaga de indignação que juntou uma legião de impolutas e anti-racistas criaturas, a quem só faltou a exigir a cabeça do criminoso que, nos alfobres da Lusa, "insultara" a deputada. (Estranhamente, a indignação presidencial não foi espevitada pelo facto de um secretário de Estado dizer que um programa de informação é "estrume", ou seja, merda.)

E se o putativo criminoso ainda tem a cabeça sobre os ombros, vai ser por pouco tempo, que na agência foram rápidos a mover-lhe um processo de averiguações. E com segundas intenções: apesar de o jornalista ser "de esquerda", como já me disseram, é quem acompanha mais de perto o Chega!. Portanto, a coisa foi claramente intencional. Só podia, não é?

Só que não terá sido esse o caso. O problema, também me disseram, terá resultado de um apontamento pessoal que não foi corrigido na notícia definitiva. Acontece a todos, e às vezes da pior maneira.

No meio deste verdadeiro circo, ficam ocultas outras figuras tristes que deviam fazer moderar o tom desproporcionadamente agressivo das notícias idiotas sobre as reacções idiotas.

O "Observador" e o "Expresso", que pretendem ser modelos de jornalismo impoluto e rigoroso, replicaram o erro da maneira mais acéfala e mais acrítica e só mais tarde o corrigiram. 

E o que publicaram foi isto:








E foram racistas? Ou estão, simplesmente, a fazer figura de palhaços neste circo de vaidades?




sexta-feira, 14 de maio de 2021

A génese de "O Último Refúgio" (2): o isolamento

 

O isolamento é sempre um "leit-motiv" poderoso para uma história. Porque o ser humano, no fundo, tem medo de estar sozinho. O medo é profundo e ancestral: a segurança, na época das cavernas, estava no número; o indivíduo sozinho estava condenado, na sua qualidade de presa de predadores inomináveis.

O isolamento, como tal ou na sua versão da solidão, não me assusta. Viver onde vivo familiarizou-me ainda mais com a solidão. O relacionamento com a família mais próxima, com bons amigos, com vizinhos inteligentes e amáveis e com pessoas que, longe ou perto, se revelam seres humanos funcionais e igualmente amáveis, não sai afectado por este isolamento. 

Quase não vejo outras pessoas quando passeio os cães, raramente se vêem pessoas estranhas a andar por aqui e os carros só são mais frequentes ao fim-de-semana. De uma estrada às vezes mais movimentada sai, às vezes, o som da civilização humana que nos rodeia: os carros a passarem por cima de lombas redutoras de velocidade.

Este quotidiano, porém, entrou em ruptura em Março de 2020. Com o estúpido confinamento imposto nessa altura ao País, desapareceram os passeantes do fim-de-semana e o som dos carros ao fundo. Se já havia momentos em que me podia imaginar o último homem no mundo, a partir dessa altura, mais fácil se tornava a abordagem ficcional desta paralisação da civilização humana.

Esta impressão não podia deixar de ser acentuada pela desfiguração da individualidade humana. Ainda hoje me acontece, sair daqui onde ando sem máscara e chegar à capital do concelho, vendo a maioria das pessoas com essa espécie de fraldinha facial e quase perdendo a noção da realidade: que mundo estranho este, onde estamos obrigados a inspirar de novo o ar que expelimos, como se fôssemos obrigados a comer a ,própria merda, isolados do mundo e da restante humanidade.

Era, e é, um bom cenário para uma história inquietante.

O escritor norte-americano Richard Matheson escreveu, em 1954, o que é, seguramente, um dos melhores romances sobre o drama de uma pessoa isolada no mundo: "I Am Legend" (cuja primeira edição portuguesa, na famosa colecção Argonauta, teve o título "Mundo de Vampiros"). "I Am Legend" é a história de Neville, o último homem num mundo onde os seres humanos se transformaram em vampiros. A "lenda" do título é ele: um ser de outra época, facilmente transformável em mito na nova normalidade deste mundo se seres humanos transformados. Como os militantes das máscaras faciais.

"I Am Legend" é, de certo modo, como um contraponto ao mundo de loucura em que James Castello, o meu protagonista, se vê mergulhado depois de um erro que lhe pode ser fatal. Castello é, na solidão da Praia das Bruxas, o último homem na Terra.


terça-feira, 11 de maio de 2021

domingo, 9 de maio de 2021

A génese de "O Último Refúgio" (1): uma casa



Em Abril do ano passado, quando me preparava para traduzir o meu primeiro livro em castelhano ("Vida, la gran historia", que saiu agora), recebi uma mensagem inquietante da editora (Temas e Debates): a data de entrega da tradução era atrasada em dois meses. A mensagem, em termos muito correctos, explicava-se pela crise sanitária: o País ficava fechado à pala da pandemia e esta editora, como tantas outras, não ia lançar mais livros no mercado sem saber se os conseguiria vender.

Estando a traduzir ininterruptamente desde há quase dez anos, com intervalos apenas para os meus próprios livros, fiquei com a agenda preocupantemente livre. E foi nessa altura que revisitei um pensamento que às vezes me assaltava: não estando a escrever histórias (por motivos a que já aqui aludi, por exemplo), nunca deixei de registar, da maneira mais informal que é possível, ideias que podiam ser desenvolvidas em histórias; e, havendo uma quebra no fluxo de traduções, não poderia regressar à escrita? 

Se o fizesse, regressaria aos "policiais", sem testar sequer outros potenciais projectos? Nunca deixei de pensar que, se me pusesse a escrever porcarias como "thrillers" clericais ou históricos ou "porno para mamãs", ganharia dinheiro. Até porque ficariam bem escritos. O pior seria arranjar coragem para meter a mão em géneros que, para mim, são absolutamente desprezíveis.

A seguir, fiz uma pergunta simples como ponto de partida: será que ainda consigo escrever uma história? E teria de ser uma das tais, um "thriller", dos que realmente gosto de escrever. O último livro, o 10.º, datava de há seis anos ("Morte nas Trevas") e, não se vislumbrando a adaptação cinematográfica prevista, a continuação dessa série ficou posta em sossego.

Havia, portanto, um desafio sugestivo, ou uma experiência. E, optando por esse rumo, fui a aspectos do dia-a-dia. Um era, e é, o das casas antigas que existem na zona de campo (ou rural) em que vivo, e a outra a do isolamento natural desta zona. 

Como muitas outras pessoas, passeio os meus cães, em geral, duas vezes por dia, em percursos que por aqui que podem chegar aos quarenta minutos. Não há muito a fazer quando se passeiam dois cães (e, às vezes, têm de ir os dois pela trela) sozinho, a não ser ver e pensar... e controlá-los. 

As ruínas das casas antigas levaram-me a pensar numa ideia de base para uma história: e se alguém escondesse alguma coisa, que no mínimo fosse embaraçosa, numa dessas casas e depois a reconstruísse e a vendesse... ou se optasse, por de uma maneira ou outra, lá ter alguém a morar e em quem pudesse confiar para guardar esse segredo? Há aqui casas que têm sido reabilitadas por compradores estrangeiros. Este quadro abriria uma história, que abordasse este aspecto, a personagens de outros países. 

Não admira, por isso, que o espaço físico de uma casa acabe por ser quase um protagonista nesta história, o que também fez com que, a certa altura, "O Último Refúgio" se intitulasse "A Casa do Fim do Mundo" ou, mesmo, porque também gostei do som deste título, "The Twilight House". E essa casa, o último refúgio de James Castello (o "herói"), situa-se realmente sobre uma praia quase selvagem, a alguns quilómetros a norte: a praia do Salgado, transformada em Praia das Bruxas, talvez por inspiração de Shakespeare e do seu "Macbeth".

Uma casa reconstruída, um segredo, uma praia isolada... e um homem quase sozinho no mundo. Do isolamento como "leit motiv" falarei a seguir.


sexta-feira, 7 de maio de 2021

Putanato sanitário

 


A falta de ética é que é um vírus.

Este e outros não se livrarão da impressão (e do proveito, provavelmente) de que andaram a promover o medo de um vírus e de uma doença que lhes serviu para ganharem alguma coisa.

Incompetência, incúria e desprezo pelos contribuintes na Serra do Bouro (10): armadilhas

Caleiras? Não, armadilhas.

Montadas por quem? Pelos "artistas" do costume: a empresa Cimalha, uma "amiga do peito" do presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha.

Fiscalização? Nem vale a pena perguntar.

São verdadeiras armadilhas, deixadas num processo de obras pago a peso de ouro (para o que foi feito) que não se sabe se alguma vez acabou, mas que há de ter dado dinheiro a ganhar a alguém. De uma forma talvez tão óbvia que nem é preciso investigar muito.

Com a complacência da Câmara Municipal e da União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro.










Gostam disto assim, não é verdade, senhores doutores Tinta Ferreira e Jorge Varela?...





quarta-feira, 5 de maio de 2021

Broncos



Se eu tivesse um jornal regional, além da preocupação de ter receitas para ele continuar a publicar-se (ou de ter capacidade de endividamento para o aguentar), teria de preocupar-me com os clientes/leitores e de os tratar bem.

E tratá-los bem significa dar-lhes notícias e informações, mas também garantir que o jornal lhes chega às mãos, sobretudo aos assinantes que, embora com uma diferença relativamente ao preço em banca, já pagaram o jornal e têm a expectativa de o receber.

É claro que a sua entrega, nestas circunstâncias, está dependente de um factor infelizmente incontrolável: o péssimo serviço da empresa CTT. Mas, sendo isso já habitual, o jornal tem de saber fazer valer a sua posição junto dessa abominável empresa e não fazer dos seus assinantes as vítimas da situação.

Depois de estar uma semana sem receber o semanário “Jornal das Caldas”, telefonei para este jornal e pedi explicações. A resposta teve duas partes, resumidamente: se eu não o tinha recebido, a culpa era dos CTT (e eles até protestavam, às vezes); se eu quisesse um exemplar da edição em falta, podia ir buscá-lo à loja do jornal.

O que, deste lado, o assinante não pode deixar de pensar é isto: eles já lá têm o dinheiro, não estão para se incomodarem.

Mas a resposta que eu, ou qualquer assinante, gostaria de ter tido era esta: a responsabilidade da não entrega é dos CTT e vamos reclamar; vamos enviar-lhe já o exemplar em falta; oferecemos-lhe mais uma semana extra, quando a sua assinatura terminar.

Numa circunstância destas, para que preciso eu de estar a assinar um jornal que trata assim os seus clientes/leitores quando até tenho dinheiro para o comprar, semanalmente, em banca? Se eu me lembrar de que ele existe, claro.

segunda-feira, 3 de maio de 2021

#MeToo tuga

 

"Público", hoje, na primeira página


E, de repente, o polémico movimento #MeToo chegou a Portugal. 

E não se pode dizer que tenha sido da melhor maneira.

Na quinta-feira da semana passada, a "Sábado" deu voz (e fotografia) a 17 mulheres que denunciam o assédio sexual de que foram vítimas. Na sexta-feira, foi a vez do "Expresso", que reduz a coisa a duas mulheres. Uma actriz tinha inaugurado a campanha, agora seguem-se outras queixosas.

Os relatos, que não surpreendem, têm um ponto muito fraco: os abusadores e assediadores ficam anónimos. Com ameaças veladas, claro, mas não se passa disso.

Até certo ponto, é compreensível: por um lado, poderá haver medo (o segurança da portaria não assedia, o administrador assedia), e, por outro, a consciência de uma impossibilidade. Se estamos a falar de situações que envolvem duas pessoas, onde é que há testemunhas (ou provas) de que houve assédio? O problema é tipo pescadinha-de-rabo-na-boca: sem nomes nem provas, de que serve a denúncia pública? Alguém esperará que o possível perpetrador venha a público pedir que o perdoem? Ou que, como aconteceu estupidamente nos EUA, o pensamento dominante vá "matar" quem é denunciado sem provas?

Já depois disto, a "Sábado" voltou à questão. E, desta vez, de uma forma completamente explícita. Joana Emídio Marques, jornalista, reproduz um seu post do Facebook e conta agora com todos os pormenores um encontro que enquadra no mesmo tipo de problema: em Novembro de 2012, acusa, foi assediada pelo editor Manuel Alberto Valente (e cita, pela ausência de Portugal, a sua mulher, Maria do Rosário Pedreira).

Manuel Alberto Valente reagiu com visível incómodo e alguma galhardia, ainda no Facebook, e remeteu a questão para as instâncias judiciais. É onde tudo não pode deixar de ir parar, claro.

Só que, neste caso, Manuel Alberto Valente tem, à partida, uma vantagem. O encontro que Joana Emídio Marques descreve foi a dois e a autora não poupa as palavras. Mas não terá testemunhas do que aconteceu. O que escreve dá suficiente margem de manobra ao seu acusado para a acusar, a ela, de difamação.

A coisa poderia ficar por aqui? Não, já não.

O "Público", hoje, chama a si a questão e faz notícia com chamada de primeira página. É certo que o assunto é agora do foro público. Mas este zelo também não deixa de contrastar com a cumplicidade do "Público" na ocultação de outro facto noticioso de muito maior gravidade.

A polémica já trouxe a terreiro outros intervenientes: os que apoiam o editor e os que apoiam a jornalista. Como é habitual, vão-se desenrolando críticas e insinuações a respeito das falanges de apoio de cada uma das partes.

O que se seguirá? Haverá mais revelações? E nomes? Ou fica tudo por aqui, na tradicional mansidão "tuga"?

E, já agora, também teremos direito a saber dos assédios dentro do mesmo sexo? Vá, que não haja discriminação "de género", sff!...


Raymond Reddington



"Like a lion in winter, I am both diminished and dangerous."





domingo, 2 de maio de 2021