quinta-feira, 22 de abril de 2021

Ler jornais já não é saber mais (107): ocultação

 


Esta é a capa da revista "Sábado" da passada quinta-feira, dia 15 de Abril. O que aqui está escrito é claro e bem forte: a corrupção do actual Presidente da República pelo banqueiro popularmente classificado como "dono disto tudo".
A acusação, que a revista cita, é de um empresário que morreu entretanto. Os pormenores estão no interior, bem como as fotografias onde um, Marcelo Rebelo de Sousa, e o outro, Ricardo Salgado, convivem amavelmente, com o primeiro a derreter-se em sorrisos.
O Presidente da República reagiu com uma palavra inventada à notícia e a sua declaração é também publicada.
A gravidade do tema exigiria uma explicação, um desenvolvimento, um aprofundamento. Mas o que teve foi o silêncio. 
Toda a restante imprensa ignorou o assunto. Fez de conta que não viu. Literalmente: ocultou-o. E, uma semana depois, a "Sábado" fez o mesmo: ocultou, também ela, o assunto que dera em primeira mão.
Talvez não haja melhor símbolo de uma democracia doente, com uma imprensa que decidiu deixar de viver em liberdade e se tornou dependente do poder. Porque a conclusão é evidente, nesta ocultação: o Presidente da República, ou alguém por ele, impôs à imprensa o silêncio sobre um tema que lhe era, e é, visivelmente muito incómodo. E que explica, a ser verdade, muita coisa.


Onde está ele, uma semana depois?



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