Passadas duas semanas e meia, da cabra já só resta o esqueleto.
Pele, músculos, tendões, gordura - foi-se quase tudo e do seu volume resta uma enorme mancha escura no solo.
Nesta região há aves de rapina (incluindo águias), gatos que já devem ser selvagens, raposas talvez, cães que podem pertencer a uma casa que fica no meio da serra, ou mesmo os que guardam o rebanho ou, possivelmente, cães que por aí vivem, abandonados, fugidos ou sabe-se lá mais o quê (impressão que tenho e que não é de agora).Todos, ou algum em especial, podem ter ido reclamar o seu bocado de cadáver. E mesmo o azougado Flipe, a que os donos pouco ligam, pode ter sido um dos comensais.
A cabra que acabara de ser mãe, a defender orgulhosamente o seu cabritinho branco, ficou assim.
A vegetação encarregar-se-á de engolir o que dela resta.
É, no fundo, o destino de todos nos: o nada.
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