quarta-feira, 10 de outubro de 2018

A cabra morreu



Está morta, no fim de um pequeno declive, já inchada, numa nuvem de mau cheiro. 
E o cabrito desapareceu. Ou pode estar enfiado em qualquer nicho de vegetação, igualmente morto. De nada lhe valeu a pose orgulhosa de mãe recente, a firmeza com que defendeu, pelo menos enquanto terá sido possível, a cria recém-nascida.
Cães, ou um cão, talvez não um ser humano, um acidente por ter sido acossada, doença… Tudo é possível. Não lhe valeu o pastor, nem os seus cães,
À distância, o cadáver não apresenta sinais de lesões. A não ser a disposição mole das pernas e do pescoço. 
Não me aproximei para ver melhor, por mais até que a J. e a E. me puxassem, loucas com o cheiro e com a curiosidade que as agita.
Ficará ali, numa sepultura a céu aberto, onde o tempo e a vegetação a encobrirão para sempre.
Há cabras que merecem esta sorte. Esta seguramente que não a merecia.



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