segunda-feira, 15 de outubro de 2018

15 de Outubro


Há um ano, a minha casa ia ardendo. À tarde começou um incêndio nas arribas da costa atlântica, perto da Foz do Arelho. O vento impeliu as chamas, descontroladamente, para Norte, ao longo da costa, ao longo da Estrada Atlântica. 
Foi até à noite. 
Se o vento se tivesse voltado para oeste, as chamas teriam coberto os terrenos cheios de mato e de árvores em poucos minutos e atingiram a minha casa e as casas de alguns dos meus vizinhos. Nada o teria impedido.
Nessa noite, a do grande incêndio na Serra do Bouro, em Caldas da Rainha, os residentes ficaram sozinhos. Os bombeiros pouco puderam fazer para tentar dominar as chamas. A GNR andava de um lado para o outro sem que se percebesse porquê. E os recém-eleitos presidentes da junta de freguesia e da Câmara Municipal de Caldas da Rainha mostraram, pela ausência, os desprezo que lhes merecemos.
Um ano depois, chove. A temperatura está muito mais baixa. 
Mas os terrenos (poucos foram limpos,mas as ervas depressa cresceram) continuam cheios de mato combustível. As cicatrizes negras deixadas pelo fogo ainda se vêem.
No ano passado escapámos. E na próxima vez?

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