sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Turistas


Engarrafamentos, à escala da região e em estradas secundárias mas engarrafamentos, de qualquer modo; percursos que demoram sempre o dobro do tempo a fazer (um que eu faço habitualmente e que demora 10 minutos em estrada secundária e autoestrada demora-me agora em média 20 minutos); mais gente nos supermercados (não é uma pessoa a fazer uma compra mas famílias inteiras para fazerem a mesma compra); com as manhã geralmente nevoentas e mais frias, enchem-se de gente a cidade de Caldas da Rainha, os supermercados, o centro comercial; por todo o lado há autocaravanas.
Na povoação onde moro a população parece ter triplicado. São estrangeiros e talvez emigrantes, todos eles alojados por aqui, em casas, ou partes delas. Há mais pessoas e há mais cães.
Calculo que na praia (a da Foz do Arelho, que os visitantes não conhecem Salir do Porto) a situação deve ser, como sempre é, insuportável. É o que sugerem os muitos carros amontoados nas proximidades, onde não há estacionamento, como nunca houve.
Isto é o turismo em Caldas da Rainha, sobretudo em Agosto.
E, sendo incómodo, dá para perceber que os visitantes são uma boa fonte de receita, formal e informal. Mesmo com pouco à disposição deles. E que, se a situação melhorasse (e nem é difícil) muito maior seria a receita, e com mais emprego.
Não há percursos sugeridos no concelho, não há infraestruturas culturais apresentadas de forma clara. Não há roteiros abrangentes. A Lagoa de Óbidos, suja e de águas escuras, está escondida, Salir do Porto e a ligação por praia com São Martinho do Porto também.
A festa das "Tasquinhas", na capital do concelho nunca deixa de ser um restaurante colectivo onde o cheiro a fritos se embebe nas roupas, sem nada que se venda ou se compre. O comércio mantém os horários rígidos, pouco convidativo. A famosa Praça da Fruta é um inferno de trânsito que não tem onde parar.
Nem a estrada panorâmica da costa atlântica e a sua paisagem são aproveitadas. E dá para perceber, pelos carros de matrícula estrangeira e de aluguer e outros que nunca por aqui se viram, que há uma certa vontade de explorar o interior do concelho.
Só que, além da praia, dos supermercados e do centro comercial, o que é activamente oferecido aos visitantes é lixo nas estradas e pendurado das árvores. As autoridades locais parece que é o que conhecem.



O lixo em que se transformam os anúncios de plástico deixados nas árvores...

... e a Lagoa de Óbidos são duas faces deste concelho mal gerido e mal aproveitado em termos turísticos.

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