O presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, Tinta Ferreira, aparece em seis fotografias na edição desta semana (23.08.17) do "Jornal das Caldas", uma das quais na primeira página.
No outro jornal que se publica no concelho, a "Gazeta das Caldas" (edição de 25.08.17), a mesma figura aparece em três fotografias.
Uma campanha eleitoral que começou há quatros anos
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A maior parte destas fotografias foi tirada num certame agrícola chamado "Frutos - Feira Nacional de Hortofruticultura 2017", organizado pela câmara.
A multiplicação de imagens do presidente camarário é, em certa medida, natural. Mas, se considerarmos que há eleições autárquicas dentro de cerca de um mês, essa multiplicação adquire dois significados: é, como até agora mas mais claramente, uma intervenção de campanha eleitoral e evidencia o carácter dominante da estrutura autárquica por uma das partes interessadas nesta eleição.
Tinta Ferreira é um dos cinco candidatos à presidência da Câmara Municipal de Caldas da Rainha. É do PSD. Foi herdeiro do dinâmico Fernando Costa e, nas eleições de 2013 (que obviamente ganhou), a campanha do PSD teve como lema "Nova Dinâmica". Mas a dinâmica não aconteceu e, aliás, nem era nova.
A única dinâmica evidenciada pelos quatro anos da gestão de Tinta Ferreira foi a da propaganda: eventos e obras.
Os eventos foram aproveitados à exaustão para o discreto burocrata (que só saiu da sombra de Fernando Costa depois de ter "morto o pai") se promover. Quanto às obras (só na capital do concelho e que deixaram a pesada impressão de serem lentas, morosas, atrasadas, inconsequentes, inúteis e perdulárias) só beneficiaram as empresas que foram escolhidas para as fazer, e que não raras vezes deixaram prazos por cumprir.
A gigantesca dimensão da influência da Câmara Municipal (e do seu presidente) não se esgota nos palcos dos eventos nem no seu contributo para a felicidade económica das empresas seleccionadas. Os funcionários dos serviços oficiais e as suas famílias, as associações públicas, as colectividades e a rede urbana de ligações sociais compõem essa dimensão.
Num concelho como este, onde a iniciativa privada é débil e em muito depende do favor público, é fácil de ver como, na rotina das circunstâncias habituais, um presidente de câmara nem precisa de ir a votos.
Em termos práticos, o que temos nestas eleições é um candidato que está há quatro anos a pensar na sua reeleição e um partido que, à conta disso, se deixa estar no conforto da ilusão de que é tudo dele.
E esta ilusão é alimentada pelo défice de intervenção pública do que, por comodidade, se costuma designar por oposição.
Dela, de três dos quatro candidatos que gerou, do seu défice de intervenção e das suas ilusões falaremos nas próximas crónicas.
O fascínio pela publicidade pessoal tem levado a alguns excessos |
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