A terceira temporada de "Fargo", a série inspirada pela longa-metragem de Joel e Ethan Coen com o mesmo título (que aqui aparecem só como produtores executivos), é a perfeição televisiva em estado puro e um exemplo excepcional do modo como a ficção televisa de elevada qualidade pode suplantar muito do cinema que hoje se faz.
São dez episódios (de 50 e poucos minutos cada) com um história que se desenrola sem pressas mas sem um momento morto, com uma banda sonora admiravelmente articulada com as imagens e em todos os registos (até "Pedro e o Lobo", de Prokofiev, numa espécie de alegoria!).
Ewan McGregor (em dois papéis, perfeito), Carrie Coon (uma das polícias dessa estranha terra gelada onde tudo acontece) e, em especial, David Thewlis (um dos melhores "maus" de sempre, espantoso!) são, num leque de interpretações muito sólidas, os cabeças de cartaz desta temporada e tudo passa por eles, e em quase todos os registos. E por Noah Hawley, criador da série, autor e produtor, cujo trabalho até agora não conhecia mas que aqui se destaca em grande estilo.
No actual e riquíssimo panorama da produção televisiva de ficção, esta temporada de "Fargo" (como também o recente "The Night Of") é exemplar.
Daqui por cem ou duzentos anos talvez se faça algo parecido em Portugal e talvez quem escreve sobre cinema nos jornais perceba que o mundo do audiovisual evoluiu como talvez nem se pudesse ter imaginado.
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