sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A obra dele...


Lá ao fundo, talvez a dizer: "a cidade sou eu"
 
O edifício que se vê ao fundo é o da Câmara Municipal de Caldas da Rainha e é no seu último andar, devidamente assinalado, que mora um homem feliz.
Chama-se Tinta Ferreira e é presidente da câmara, cargo para o qual foi designado herdeiro de Fernando Costa e de que depois se apossou nas eleições de há um mês.
Calculo que, do seu sítio, Tinta Ferreira se derrama de felicidade por poder ver os passeios mais largos da avenida principal da cidade, a Avenida 1.º de Maio.
Iniciada ainda no Verão, a obra vai prolongar-se (oficialmente) até Janeiro. Com as chuvas deve ser até muito depois disso. E vai custar 10 milhões de euros. Ou seja: 10 000 000 de euros.
Não se fazem obras noutros pontos do concelho (já nem falo na ex-rua onde vivo, que ia ser repavimentada até ao fim do Verão e que agora é um caminho largo de terra batida, quando não de lama) mas há dinheiro para estas obras.
O seu propósito, porém, é indefinido.
Percebe-se apenas que os passeios ficam mais largos.
É uma tentação que excita os presidentes das câmaras. Como não precisam de utilizar carro próprio, as dificuldades de circulação do trânsito e do estacionamento são-lhes alheias. Não percebem que as pessoas não precisam de mais um metro de passeio. Precisam é de ter boas condições de mobilidade. E de estacionamento. Claro que, assim, não há. Mas tranquilizem-se os visitantes, os que querem fazer compras e os moradores que haverá um estacionamento subterrâneo ali perto... em Dezembro de 2014.
De costas voltadas ao resto do concelho, a elite citadina de que Tinta Ferreira é um extraordinário exemplo dedica-se a estas obras inúteis em tempo de austeridade e esquece o resto.
Que interessa captar turistas, atrair compradores para o comércio local, limpar a cidade e o resto do concelho, assinalar os locais de interesse se o que é essencial é o que fica à vista e aquilo que o actual presidente da câmara irá deliciar-se a contemplar pelos próximos quatro anos?
É pena é que depois fiquem aqueles pormenores que nunca se resolvem.
Por falta de rigor, de dinheiro ou por esse "estar-se nas tintas" que tão bem caracteriza os burocratas camarários, ou por simples desleixo. 
Houve outras obras nas proximidades, que roubaram espaço às vias de circulação e que também não parecem ter tido grande utilidade, onde se pode ver um pormenor como este que aqui se mostra.
Só que esta pequena miséria já não se vê do alto da Câmara Municipal...
 
 
Desleixo: caixas (de electricidade?) sem nada lá dentro,
tijolo nu e um tubo que não serve para nada

 


 



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