A polémica é saudável. Os cínicos poderão dizer que é uma maneira de evitar que o confronto de opiniões degenere no confronto físico. Os crentes nas virtudes da democracia dirão que é uma forma de chegar a conclusões em sociedade. Lembro-me das polémicas quase sempre de fundo cultural que havia nos jornais antes do 25 de Abril (debater outros assuntos já não era tão fácil) e, se não se apuravam grandes conclusões, era quase sempre delicioso ler alguns dos polemistas pela elegância da escrita e pela ferocidade do insulto que, como mandam as boas regras, não figurava no texto mas se depreendia.
A polémica desapareceu estranhamente da imprensa dos nossos dias. Tal como muitas outras coisas, aliás. Não há opiniões, réplicas, tréplicas. Não há catilinárias inspiradas. Não há textos demolidores. E se é possível que a sua ausência resida em factores muito objectivos como a falta de espaço também é evidente que a falta de espaço é um factor razoavelmente subjectivo: o espaço existe quando quem manda assim o determina. (...)
Um texto da minha autoria, intitulado "A democracia na retrete" no n.º 4 do Tomate, e-magazine de ideias políticas e culturais.
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