Eis mais um lançamento interessante da colecção 1001 Mundos da Asa (que incorporou as edições de literatura fantástica da Gailivro): "O Livro Sem Nome", de um autor apenas indicado como Anónimo.
Primeiro título de uma trilogia que inclui "The Eye of the Moon" e "The Devil's Graveyard", "O Livro Sem Nome" tem uma interessante galeria de personagens e uma delas é a de um aventureiro que dá pelo nome de Bourbon Kid (e que se transforma quando bebe "bourbon").
Passado na terra-de-ninguém de tantas aventuras que é a fronteira EUA-México, "O Livro Sem Nome" é uma amálgama bem organizada de personagens e de situações já presentes em muitas histórias, nomeadamente de filmes de acção, onde convergem traços dominantes de géneros diferenciados como o "thriller" e o fantástico, conseguindo no entanto articular bem todos os seus elementos. E é isso, aliás, que o torna mais interessante.
Mantendo-se rigorosamente anónimo, o autor (o tal Anónimo, que nem os compradores dos direitos da história, para livro ou cinema, conseguem conhecer) tem sido objecto de alguma especulação. Mas, e já que não há outros elementos, apetece dizer que se trata apenas de Quentin Tarantino, realizador, argumentista e produtor.
O seu cinema é também, em muitos casos, uma reorganização de temas e estilos (e quem não gosta de certos temas e estilos já gosta deles se tiverem a assinatura de Tarantino...). Por outro lado, a trama narrativa de "O Livro sem Nome" parece equivalecer a um projecto de argumento alargado. E, ainda, há a referência directa a um filme como "True Romance/Amor à Queima-Roupa" (um argumento realmente original de Tarantino filmado em 1992 por Tony Scott que Anónimo até diz preferir, relativamente ao outro irmão Scott, Ridley). Para lá de situações e de ambientes que só fazem lembrar os mais significativos filmes de Robert Rodriguez, realizador e produtor amigo de Tarantino.
Este será, também, um exercício divertido para quem quiser lançar-se à aventura de ler "O Livro sem Nome".
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