Quem afunda, afunda alguma coisa. Ou, então, afunda-se por si próprio. Neste caso, lamentavelmente comum, a frase é um aborto: o navio afundou-se ou afundou alguma coisa? Quem escreveu esta coisa sabe escrever português? Ou está a afundar-se a si próprio na asneira?
Pronunciar, em voz alta ou mentalmente, uma frase é sempre útil para avaliar da sua qualidade, ou eficácia. Aqui, os títulos que se seguem já são de leitura pouco fluente. Na transposição para a oralidade ficam uma espécie de salada de palavras. Não seria mais eficaz "Restaurante de francesinhas ameaça prédio com incêndio imediato"? Tal como "Escolhidos os directores de seis museus naturais"? Sim, quando se sabe escrever e falar português. Não deve ser o caso de quem escreveu estas coisas.
Erros. Pura e simplesmente. Mais directamente: patadas. Porque há quem escreva com os pés...
Se não sabem outras línguas (e já em língua materna são ignorantes), porque é que as usam? "Zeitenwende" (palavra feminina que significa "princípio de uma era" ou "ponto de viragem" e que ficou associada a uma intervenção no Parlamento alemão do ainda chanceler Olaf Scholz em Fevereiro de 2022) e "Wundertüte" (palavra masculina que pode traduzir-se por "caixinha de surpresas") são substantivos alemães e, como tal, devem ser escritos em caixa alta. Ou seja, em maiúsculas.
Marques Mendes. Sempre ele, no seu conflito com a língua portuguesa...
"Ova"?!
A burrice e a ignorância, às vezes, tornam-se moda (até podia escrever "a burrice e a ignorância, às vezes, torna-se moda"...) e o resultado é que onde devia estar a forma plural no verbo, está a forma singular: "Falta guardas e torres...", "Falta o formulário e outra lista", "Vem aí um arrefecimento (...) mas também fenómenos...". Como é que é possível tanta asneira?!
Fiel a uma certa tradição literária de outros tempos (de pendor mais conservador) do quase extinto "Diário de Notícias", houve algum poeta local, dos muitos que ainda devem existir nesta publicação, que quis fazer poesia na primeira página. E o esforço, decerto titânico, deu nisto: o verbo "complicar" (usado de forma errada, aliás) a rimar com "falhar". É um verso de "pé quebrado", mas é um verso. "Grande poeta é o povo"...
![]() |
"Suposto"? E, já agora, "supostamente". Mais duas palavras importadas da língua inglesa que, traduzidas à letra, deixam de ter um significado preciso.
Sem comentários:
Enviar um comentário