Semanalmente, compro dois jornais (e de um deles direi que ainda o compro). Mensalmente, compro duas revistas inglesas de cinema e uma revista portuguesa de vinhos (e não compro a outra, porque não confio nos seus critérios).
Vejo, todos os dias, as primeiras páginas dos jornais num site que as mostra. Visito o site de uma televisão portuguesa e os títulos principais de um jornal on line, de que já fui assinante e onde agora me recuso a meter um cêntimo que seja. Também visito os sites de órgãos da imprensa estrangeira.
Nestes meus périplos diários, não encontro uma única primeira página na imprensa nacional que me atraia a comprar seja que jornal ou revista for. Nem notícia que ache fundamental pagar para ver na íntegra. E não frequento os telejornais, que me repugnam.
A minha curiosidade, enquanto cidadão e enquanto ex-profissional da comunicação, fica satisfeita com este mínimo informativo nacional. Nada existe que me esclareça mais em pormenor e nunca me senti prejudicado, ou menos esclarecido, por haver notícias de que só poderei ver os títulos (e alguns leads mal amanhados) se não pagar para ver o resto.
O que mais vejo (textos mal escritos, sem informação objectiva, geralmente afectados por preconceitos e vieses inaceitáveis numa imprensa livre que está dominada pela espuma dos dias) não me leva a gastar mais dinheiro neste sector, mesmo podendo fazê-lo.
Se eu procedo assim, imagino facilmente o que podem pensar os meus compatriotas que se bastam com os telejornais e com as suas notícias de poucos minutos, que poucos perceberão, e/ou que nem sequer espreitam as primeiras páginas da imprensa on line ou em papel.
Sendo isto assim, a culpa da crise da imprensa (onde me parece que já nem as receitas da publicidade compensam a inexistência de vendas) é deles? E minha?
Não, não é.
Tomemos outra situação. Vivo no litoral, nos arredores de uma pequena cidade do interior a cem quilómetros de Lisboa. À cidade falta-lhe algum comércio. Mas pela internet consigo ter quase tudo aquilo que me poderia obrigar a ir a Lisboa (ou mais longe, como livros em edições inglesas ou americanas). É possível que as lojas diversas onde vou fazer compras on line não precisem deste comprador, mas o certo é que as compras são feitas, entregues e, na grande maioria dos casos, o processo até corre bem.
Não me compete (nem tenho informações para tal, nem paciência para o tentar fazer) descobrir qual a melhor maneira de a imprensa poder ter mais consumidores/clientes e, sobretudo, consumidores/clientes que paguem, mas há uma coisa que tenho como certa: não é por atirar dinheiro e algumas vantagens mais visíveis para a empresas do sector e alguns profissionais que esse objectivo se alcança.
Mas é isso que este governo, este lamentável governo, quer fazer com o seu mal alinhavado "plano de apoio" à imprensa. É uma estupidez, com uma intenção controleira malévola. Como a seguir demonstrarei.
Sem comentários:
Enviar um comentário